06/12/2022 - 12:41 | última atualização em 06/12/2022 - 12:51

COMPARTILHE

"Advocacia sem machismo" debate atendimento a vítimas de violência

Evento é parte da série de oficinas realizada pela Caarj

Felipe Benjamin


Elaborado pela Caixa de Assistência da Advocacia do Rio de Janeiro (Caarj) o projeto “Advocacia sem machismo” realizou na noite de quinta-feira, dia 1º, a oficina “Como defender seu cliente sem machismo?”, no Plenário Carlos Maurício Martins Rodrigues, na sede da Seccional, e debateu as dificuldades encontradas por profissionais na defesa de mulheres vítimas da violência de gênero. 

“Tradicionalmente, quem defende, defende um acusado, mas nós estamos lá para defender as vítimas”, afirmou a defensora pública e coordenadora do Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), Maria Matilde Alonso.

“Embora possa eventualmente fazer isso, o Nudem não está lá para assistir o Ministério Público ou a acusação, mas sim para assistir a vítima. Criamos um Grupo de Trabalho que estende essa assistência, por exemplo, a familiares de vítimas de feminicídio consumado. Muitas vezes, mulheres nos procuram contando histórias escabrosas, mas isso não significa que elas estejam prontas para receber aquilo que temos a oferecer, e temos que aprender a respeitar isso. Muitas vezes as mulheres vítimas de violência fazem esse contato inicial apenas em busca de informações sobre o que podem ou não fazer e sobre os seus direitos”. 

O evento teve o comando da advogada Bianca Alves, coordenadora do grupo de trabalho de enfrentamento à violência doméstica da OABRJ, e autora do livro “Violência Doméstica: histórias de opressão às mulheres”. 

“O atendimento deve ser acolhedor e personalizado”, afirmou Bianca.


“Fazendo esse acolhimento corretamente e reforçando que aquele é um ambiente seguro no qual as informações apresentadas serão preservadas, é quase certo que você conseguirá uma cliente já no primeiro encontro. Normalmente são pessoas que já chegam receosas, que, em muitos casos, enfrentaram demandas enormes na Vara de Família, que chegam com muito medo de seu parceiro utilizar a possibilidade da alienação parental como uma arma litigiosa. É importante usar os mecanismos que nós temos. O protocolo de julgamento com perspectiva de gênero já se mostrou eficiente, mesmo com certas dificuldades por parte dos magistrados, especialmente nos casos de violência psicológica”. 



O Nudem tem atribuição para atender mulheres em todo o estado do Rio de Janeiro e presta orientação jurídica, realiza o ajuizamento das ações cíveis e de família, medidas protetivas, encaminhamentos a outros serviços da rede de proteção, e atua também de forma preventiva com educação de direitos, campanhas, palestras, debates e audiências públicas. O núcleo pode ser acessado pelo e-mail [email protected], ou pelo telefone (21) 25268700. O atendimento presencial é realizado na Rua do Ouvidor, 90/4°Andar, no Centro do Rio de Janeiro. 

“Estamos cada vez mais plantando sementes através dos concursos e cursos de formação, colocando a Lei Maria da Penha, os direitos humanos das mulheres e a atuação da Defensoria Pública na defesa da mulher nos editais e na formação de defensores, servidores e residentes”, afirmou Matilde. “Cada vez mais conseguimos fazer com que os profissionais entendam que têm esse papel fundamental no atendimento. Atuamos em casos de violência doméstica, sexual, obstétrica, institucional, virtual, feminicídio e outras violências, sempre que cometidas contra mulheres como manifestação de desprezo e desrespeito por sua condição de mulher”. 

Veja abaixo as datas e temas das próximas palestras ou acesse o painel de Eventos aqui do portal para ver a programação completa das oficinas.


Oficina 'Advocacia sem machismo'

12/12 - Casos concretos (com abordagem do caso Mariana Ferrer e outros)

15/12 - Peças práticas

Abrir WhatsApp