09/01/2009 - 16:06

COMPARTILHE

AGU aciona Justiça Federal para proibir revista que chama brasileira de 'máquina de sexo'

AGU aciona Justiça Federal para proibir revista que chama brasileira de 'máquina de sexo'


Folha de S. Paulo

09/01/2009 - A pedido da Embratur, a AGU (Advocacia-Geral da União) acionou a Justiça Federal do Rio para tirar de circulação um guia turístico para estrangeiros sobre a capital carioca. A publicação "Rio For Partiers" (Rio para festeiros) define parte das brasileiras como "máquina de sexo bunduda".

Segundo a Embratur, o guia "viola a dignidade humana e expõe o povo brasileiro a situação vexatória". A publicação, vendida pela internet, é editada em inglês pela Solcat Publishing Editora e está em sua 7ª edição.

De acordo com o site do guia, são vendidos cerca de 8.000 exemplares anualmente.

Segundo a ação da AGU, o guia classifica as mulheres brasileiras em quatro grupos: "Britney Spears", "popozuda", "hippie/raver" e "Balzac".

As primeiras seriam "as filhinhas de papai, se vestem como a Britney Spears, são maravilhosas, mas não deixam ninguém cantá-las. Pode esquecê-las a menos que seja apresentado a uma".

Já a "popozuda" é definida da seguinte forma: "Máquina de sexo bunduda (...). Bom para você investir seu tempo porque o motel é sempre uma possibilidade com essas maravilhas". Segundo o guia, "elas malham, usam calças apertadas enfiadas na bunda, pintam o cabelo de loiro e se esforçam ao máximo para aparecer".

As "hippies/ravers" são definidas como "garotas divertidas, fáceis de se aproximar, fáceis de conversar, difíceis de beijar, fáceis de ir para a balada". A "Balzac", por sua vez, seria a mulher que "quer se divertir, dançar, beber e beijar". O guia sugere ao estrangeiro para trata-la "como uma dama, que elas te tratarão como um rei, talvez não hoje a noite, mas amanhã com certeza".

Para a Embratur, no entanto, o guia estimula a prática de exploração sexual e utiliza em sua capa, sem autorização governamental, um selo do Ministério do Turismo -o Brazil Sensational-, criado em 2005 para estimular a vinda de turistas estrangeiros ao Brasil.

A Embratur também afirma que o livro explicaria aos estrangeiros que os bailes de carnaval são "festas ao ar livre com atividades de semi-orgia (não tem sexo em público, mas é garantido quando você traz ele/ela de volta)".

A Folha tentou comprar o livro pela internet, mas não obteve sucesso. Também tentou falar com o autor da publicação, Cristiano Nogueira, que não atendeu o telefone até o fechamento desta edição.

A AGU cita a Lei de Imprensa para justificar o pedido, alegando que o guia pratica "abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação".

Também alega que "o teor da publicação viola os princípios da Política Nacional de Turismo e, em última instância, um dos fundamentos do próprio Estado Democrático de Direito- a dignidade da pessoa humana (...), tendo em vista a exposição vexatória do povo brasileiro com o intuito de promover a exploração sexual".

Até o início da noite de ontem, a Justiça do Rio de Janeiro não havia analisado o caso.

Abrir WhatsApp