21/11/2019 - 12:32 | última atualização em 21/11/2019 - 14:20

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Andrea Pachá fala na OABRJ sobre importância da autonomia no envelhecimento

Eduardo Sarmento

A juíza de Direito Andrea Pachá esteve na Seccional na noite da última segunda-feira, dia 18, para tratar da autonomia no envelhecimento. A palestra foi organizada pela Comissão de Direito de Órfãos e Sucessões (CDOS) da OABRJ, que foi representada por sua presidente, Rose Melo Meireles, e por Ana Luiza Nevares.

Pachá, que tem sua trajetória conhecida como magistrada da área de Direito de Família, citou casos que presenciou no exercício da profissão como exemplos do comportamento de nossa sociedade em relação ao envelhecimento e ressaltou a necessidade de uma mudança de cultura, especialmente diante da mudança acelerada da pirâmide etária brasileira.

"Não estou falando daquela velhice que aparece nas pesquisas em redes sociais, onde encontramos tudo menos envelhecimento. Velhos sarados na academia, velhas superpoderosas praticando esportes radicais, gente que se recusa a envelhecer, como se isso fosse um problema. Talvez essa negação seja o primeiro desafio quando pensamos na finitude. A alternativa à morte é envelhecer, um processo natural da condição humana".

A juíza utilizou números do IBGE que mostram um aumento no número de pessoas com 60 anos ou mais em relação ao restante da população. Em 2010, os idosos eram 12,8%. Este percentual aumentou para 14,4% em 2012 e para 16% em 2016. Segundo o instituto, com essa projeção se confirmando, teremos 75 milhões de brasileiros acima dos 60 anos em 2075. "No caso específico do Brasil, ainda temos que considerar o aumento da mortalidade de jovens e o impacto causado na pirâmide etária", observou.

Além da aceitação do passar do tempo, Pachá ressaltou a importância da autonomia durante o processo de envelhecimento, e ilustrou seus argumentos com um caso de trabalho: "A família pediu a curatela de um senhor de 84 anos, preocupadíssima porque ele estava gastando muito dinheiro. No dia da audiência, completamente lúcido, me disse: 'Olha, eu estou namorando uma moça. Ela é novinha e é claro que não me ama, não é, doutora? Eu não sou burro. Sei que ela quer o meu dinheiro. E eu quero ela. A senhora não acha que eu estou certo?'.  Achei graça, a família achou graça. A preocupação era de que ele estivesse sendo manipulado ou chantageado", contou.

Para Pachá, há um momento na vida em que o próprio envelhecimento faz com o que o individuo perca a voz. "A idade pura e simples torna-se um limitador, comecei a perceber isso quando filhos se interpunham para responder em nome dos pais". Dimensionar o enfraquecimento do corpo e separar isso de doenças e limitações é, segundo a juiza, um dos principais caminhos para o enfrentamento adequado da velhice. "Quem não tem o direito de escolher mal um amor? O idoso quando se apaixona é considerado senil, não tem o direito de errar. Não é permitido ao idoso ser frágil", afirmou.

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