Barbárie impune José Carlos Tórtima*O sangrento conflito ocorrido em São Paulo, semana passada, entre torcedores do Vasco e do Corinthians e que resultou na morte de um deles, além de vários feridos, representa mais um capítulo na perigosa escalada de violência entre as torcidas organizadas. Ao que se sabe, os corintianos tinham decidido emboscar os adversários que chegavam na cidade em 13 ôni 560 bus, procedentes do Rio. Os vascaínos teriam reagido, e a briga se generalizou entre as centenas de contendores, armados com barras de ferro, punhais e até um rifle. A Polícia, embora no local, foi impotente, ou incompetente, para conter os arruaceiros. O bárbaro episódio que nos enche de indignação e tristeza, e compromete seriamente a imagem do País, anfitrião da Copa de 2014, não pode ficar sem uma rápida e enérgica resposta das autoridades. O pretexto para o novo embate seria a desforra pela morte de um torcedor do Corinthians, em refrega anterior entre as duas torcidas. Agora, com mais uma vítima fatal, o que se pode esperar, senão novas tentativas de vingança e represálias ainda mais violentas? E o que fazer para evitar o pior? Talvez não fosse má ideia identificar e monitorar, por meio de um trabalho de inteligência policial, a movimentação dos líderes das gangues que provocam as brigas, permitindo que as autoridades se antecipem aos seus planos de novas arruaças e violências. Deve-se considerar ainda que os responsáveis pelas mortes decorrentes dessas brigas podem também responder pelos crimes de homicídio, ou lesões coporais seguidas de morte, e não apenas pelo de rixa, punido este com a pena máxima de dois anos de detenção.*José Carlos Tórtima é presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ Artigo publicado no jornal O Dia, 9 de junho de 2009