No caminho certo José Carlos Tórtima* Estudo que acaba de ser divulgado pelo Ministério da Saúde, realizado por um consórcio de instituições acadêmicas independentes, indica uma expressiva queda nos índices da desnutrição infantil. A redução foi de 46%, entre os anos de 1996 e 2006, chegando a 74% no Nordeste. O resultado auspicioso, fruto de uma conjugação de fatores, como a intensificação dos programas de transferência de renda, o aumento real do salário mínimo, a melhoria da assistência à saúde materno-infantil, a ampliação das redes públicas de abastecimento de água e coleta de esgoto e a elevação da escolaridade das mães, sinaliza notável investimento no futuro do País. A verdade é que a desnutrição infantil em larga escala significa, além de uma calamidade humanitária, forte obstáculo para o desenvolvimento de um país. Seja pelas seqüelas, físicas e mentais, que acometem as pessoas submetidas à fome contínua nos primeiros anos de vida, incapacitando-as para o mercado de trabalho, seja pelo nulo ou baixo rendimento escolar das crianças desnutridas, seja ainda pela sobrecarga na rede pública de saúde com o tratamento de doenças relacionadas ao déficit alimentar, como, para dar um exemplo, a tuberculose. Isso sem contar os ressentimentos e tensões sociais represadas por essa forma particularmente cruel de exclusão, e que, freqüentemente, explodem nas ruas, através da criminalidade violenta que tanto inferniza nossas vidas. O Brasil está, portanto, no rumo certo ao aceitar o desafio de erradicar a subnutrição infantil, numa lúcida estratégia a contribuir decisivamente para a superação de nosso atraso em relação às nações desenvolvidas. * José Carlos Tórtima é presidente da Comissão de Segurança da OAB/RJ Artigo publicado no Jornal O Dia, 8 de julho de 2008