Desordem chocante José Carlos Tórtima* Ao anunciar que no próximo ano,mesmo sem reprimir a saudável alegria dos foliões, os blocos de rua terão algum tipo de controle e disciplina, o governo municipal, implicitamente, reconheceu que no Carnaval passado houve alguns excessos, que romperam os limites do tolerável, poderiam e deveriam ser coibidos pelo poder público. De fato, os abusos foram muitos e, em alguns casos, acarretaram transtornos e sérios constrangimentos para os cariocas e turistas que aqui vieram se divertir e conhecer a cidade. Em alguns casos, sem a resposta adequada das autoridades. Assim, por exemplo, se já seria lamentável a transformação em mictórios, em plena luz do dia, das calçadas e muros dos prédios, seja pela má educação dos indivíduos que assim procederam, seja pela imprevidente insuficiência de reservados qúimicos, mais deplorável ainda foram as tardias, ou ausentes, operações de limpeza da Prefeitura para eliminar a fedentina deixada pela ação dos mijões. Os blocos, por sua vez, centenas deles, alguns formados por duas dúzias de pessoas, ocupavam, sem aviso prévio ruas e avenidas, bloqueando totalmente o trânsito de automóveis e coletivos. Ao mesmo tempo, ambulantes, aos milhares, se apropriavam das calçadas, vendendo de tudo, sem nenhum esboço de reação das autoridades. Em suma, a cidade se transformou nesses dias de folia num caótico território sem lei que certamente terá chocado os muitos visitantes que vieram conhecer o nosso Carnaval, sobretudo os estrangeiros. Vários deles foram vítimas de violentos e reiterados assaltos nas ruas e nos próprios locais onde se achavam hospedados. Algo a merecer reflexão para o planejamento da festa do ano que vem. *José Carlos Tórtima é presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ. Artigo publicado no jornal O Dia, em 3 de março de 2009.