Artigo: Ordem não é o carrasco (Wadih Damous) Wadih Damous* A recente divulgação do resultado do 34° Exame da Ordem mostrou que o Rio de Janeiro ocupa, lamentavelmente, 18º lugar entre os 23 estados que participam da prova unificada, só tendo aprovado 24. 7% dos 5. 747 inscritos. Isso comprova e evidencia o descalabro que é o ensino jurídico. À exceção de alguns cursos - os tradicionais, como os da Uerj, UFF, Unirio, PUC e UFRJ -, que aprovam cerca de 50% a 80% dos bacharéis que formam, observa-se falta de compromisso generalizada com o aprendizado do aluno. Este é iludido por empresas que visam apenas ao lucro, não se importando em conceder o diploma a quem não tem condições de recebê-lo e muito menos de ingressar no mercado. Fazem de conta que ensinam, às custas de quem faz sacrifício para pagar. Quem perde são os próprios estudantes, que acabam frustrados diante do sonho, não alcançado, de se tornarem advogados. São vítimas, é verdade. Mas seu carrasco, vê-se com clareza solar, não é a OAB. Depois de muita luta, temos o apoio do Ministério da Educação na fiscalização dessas faculdades que são abertas em cada esquina. Não foi por acaso que, em março, o ministro Fernando Haddad determinou o fechamento de mais de13 mil vagas em23 cursos de Direito. Aos poucos que gostariam de ver extinto o Exame da Ordem deve-se perguntar se interessa à sociedade ter o mercado inundado por advogados despreparados. A OAB tem exercido seu papel - em cumprimento da lei - e dele não abrirá mão. Aos milhares de estudantes frustrados diante da impossibilidade de ingressar na Ordem cabe questionar a qualidade do ensino ministrado e o papel exercido pelo MEC diante desse descalabro. *Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Rio de Janeiro. O artigo foi publicado no jornal O Dia, no dia 16 de Maio de 2008.