30/04/2019 - 14:01 | última atualização em 09/05/2019 - 17:39

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Audiência pública na OAB/RJ debate dívida histórica da escravidão

redação da Tribuna do Advogado

              Foto: Luciana Botelho  |   Clique para ampliar
 
Clara Passi
A Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil (Cevenb) da OAB/RJ promoveu ontem, dia 29, uma audiência pública para debater sobre como o Estado lida com a dívida histórica que tem com esta parcela da população e o racismo que ainda permeia as relações sociais. O encontro contou com a presença das deputadas estaduais consideradas herdeiras de Marielle Franco: Dani Monteiro, Renata Souza e Mônica Francisco, todas do Partido Socialismo e Liberdade (Psol/RJ).
 
Foto: Luciana Botelho |   Clique para ampliar
O evento, conduzido pelo presidente da Cevenb, Humberto Adami (que também preside a Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil do Conselho Federal da OAB) e pela Diretora de Igualdade Racial da Seccional, Ivone Ferreira Caetano, ocupou o Salão Nobre Antonio Modesto da Silveira durante todo o dia. Incluiu a posse dos membros desta nova gestão e a exibição do documentário Gilda Brasileiro, com presença da protagonista e da produtora Beatriz Lindbergh. Também estiveram a frente de mesas a segunda secretária da Cevenb, Cecília Couto, e a coordenadora do GT Mulheres Negras da OAB Mulher, Flávia Monteiro.
 
O vereador Reimont Otoni (PT/RJ) também participou do encontro, ao lado das deputadas negras. As mesas de debate foram compostas por vários nomes da militância negra, como a representante do Fórum de Mulheres Negras, Clátia Vieira, a coordenadora da ONG Criola, Lúcia Xavier; e a coordenadora do Movimento Negro Unificado, Leninha Claudinho. A presidente da Comissão de Intolerância Religiosa da OAB/RJ, Guiomar Mairovitch, e o Diretor do Centro de Documentação e Pesquisa, Aderson Bussinger, e a vice-presidente da Cevenb e secretária-geral da OAB Mulher, Flávia Pinto, foram alguns nomes de membros da Seccional.
 
Para Adami, falar sobre reparação da escravidão negra “é o que há de mais importante para este país sair do atoleiro causados pelos resquícios dessa injustiça”. Ivone Caetano frisou que a militância não pode tratar o tema como uma questão partidária “para que não se divida ainda mais nosso povo”, disse.
 
Foto: Luciana Botelho |   Clique para ampliar
Primeira das deputadas a falar, Renata Souza provocou: “A democracia que queremos vai incluir o povo preto?”. E lamentou a falta de comoção da opinião pública em relação à chacina do Morro do Fallet-Fogueteiro, em fevereiro deste ano, o que, em sua visão, ilustra a invisibilidade desta população. “O Holocausto foi, a escravidão é. Ainda somos maioria no cárcere, na favela, na fila de desempregados, no número crescente da população de rua”, lamentou Clátia Vieira, que saudou a presença das deputadas negras na Alerj e ressaltou o fato de elas e outros nomes que emergiram nas eleições do ano passado estarem vivenciando racismo nas casas legislativas. 
 
“Nós avançamos, mas o racismo se renova”, afirmou. Lucia Xavier defende que a reparação seja também fiduciária. “Os negros que conseguiram instrução são arrimos de família. Muitos são filhos de empregadas domésticas”.
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