Cabral quer PMs absolvidos ontem fora das ruas Do jornal O Globo 10/06/2009 - O governador Sérgio Cabral determinou ontem ao secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que mantenha afastados das ruas os 44 PMs acusados de receber propinas de até R$ 4 mil de traficantes da Baixada Fluminense e que na última segunda-feira foram absolvidos por falta de provas. Cabral disse que o estado não tem dúvidas de que esses PMs são culpados e disse esperar que o Ministério Público consiga provar isso em instâncias superiores. "O que os PMs fizeram foi um absurdo. Tenho certeza absoluta de que o MP vai recorrer e teremos êxito. O governo do estado já os julgou. E não os vê como pessoas qualificadas para o policiamento", disse o governador. Segundo o secretário Beltrame, os PMs, que respondiam ao processo em liberdade, já estavam afastados das ruas. Os 44 PMs fazem parte de um grupo de 59 policiais que em setembro de 2007 teve a prisão preventiva decretada na operação Duas Caras realizada por policiais da 59ª DP (Caxias), com o apoio da Corregedoria da PM. Na época, eles eram lotados no 15º BPM (Duque de Caxias). A juíza Tula Correa Barbosa, da 1ª Vara Criminal de Caxias, entendeu que não havia nos autos provas suficientes contra os policiais para condená-los por formação de quadrilha como o Ministério Público defendia. As prisões foram decretadas na época com base em escutas telefônicas, nas quais alguns PMs aparecem negociando com traficantes o recebimento de propina para não reprimir o comércio de drogas em favelas de Duque de Caxias. Os valores variavam de R$ 2 mil a R$ 4 mil. A operação tirou das ruas quase 10% do efetivo do 15oBPM, que era de 717 policiais. Cinco traficantes envolvidos no pagamento de propina também foram presos na ocasião. Na época, o secretário José Mariano Beltrame afirmou haver fortes indícios da participação de PMs de outros batalhões da região na cobrança de propina ao tráfico. As investigações tiveram como desdobramento a Operação Duas Caras II, que teve como foco o 34oBPM (Magé). O trabalho indicava o suposto envolvimento de 66 PMs na unidade com traficantes. Presos em setembro, os PMs do 15º BPM foram colocados em liberdade dois meses depois. O grupo que estava detido no Batalhão Especial Prisional (BEP) deixou a unidade numa caravana de veículos, onde alguns dos PMs chegaram a soltar fogos de artifício em comemoração à decisão da Justiça. A iniciativa foi recebida com indignação pelo governador Sérgio Cabral e pelo secretário Beltrame.