30/03/2009 - 16:06

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Câmara abre caminho para reforma tributária

Câmara abre caminho para reforma tributária

 

 

Do Jornal do Brasil

 

30/03/2009 - Acolhido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o entendimento do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PDMB-SP), de que a Casa pode passar a votar, em sessões extraordinárias - mesmo com a pauta das ordinárias trancada por medidas provisórias - emendas constitucionais, projetos de leis complementares e decretos legislativos, abriu uma janela de oportunidade para a reforma tributária.

 

"Agora não tem mais desculpas, é só fazer alguns ajustes com a oposição e botar o projeto para votar no plenário da Câmara", afirma o relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 31-A, deputado Sandro Mabel (PR-GO).

 

Temer deve se reunir amanhã com os líderes partidários para propor a adoção imediata da nova interpretação e definir a pauta do plenário para as próximas semanas. A decisão - sobre o pedido do PSDB e DEM, contestando a interpretação - é liminar e só será definitiva após análise do plenário do STF.

 

Votação Para o relator, a reforma tributária, só sairá do papel se o tema finalmente for colocado em votação.

 

Desde o governo Fernando Henrique Cardoso, a matéria está em debate no Congresso Nacional.

 

Agora, a real queda-de-braço entre governo e oposição se dá em função da corrida presidencial de 2010: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer encerrar o mandato sem um mínimo de modernização do capítulo tributário da Constituição para não dar essa brecha para a oposição nos palanques eleitores.

 

Sob alegação de tempo para superar problemas políticos, governo e oposição fizeram acordo em dezembro passado, adiando para março deste ano a votação da proposta no plenário da Câmara.

 

"Não adianta ir contra a reforma tributária, ela terá de ser feita um dia. Vamos fazer o que dá agora e depois corrigir, aperfeiçoar".

 

O relator lembra que, se as mudanças tivessem sido feitas no passado, poderiam estar ajudando o setor produtivo a enfrentar as dificuldades decorrentes da crise financeira global.

 

"E também não tem cabimento essa crise ser o novo empecilho para ficarmos parados", ressalta.

 

Avalizado pelo presidente da Câmara, que prometeu priorizar a votação da tributária se a decisão do Supremo fosse favorável à sua decisão de eliminar as MPs como fator de obstrução da pauta de votação, Mabel manda um recado para a oposição deixar de obstruir a tramitação e aceitar a apreciação do tema em plenário da Câmara - o projeto já foi aprovado na comissão especial de reforma tributária da Casa - para seguir tramitação no Senado.

 

Na prática, o alvo do pedido é o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a quem o relator atribui a principal força contrária à votação da reforma tributária.

 

"Eu já fiz vários apelos ao Serra, mostrando em detalhes que as mudanças contidas no meu substitutivo não vão acarretar perda de receitas para São Paulo e outros estados industrializados", diz o parlamentar.

 

 

Divergências

 

Um dos principais pontos de divergência da proposta é a mudança do atual regime do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo sobre consumo do país e também a maior fonte de arrecadação própria dos governos estaduais.

 

A PEC troca o atual regime do ICMS, da origem para destino. Ou seja, as receitas do tributo, que hoje pertencem aos governos dos estados onde ocorre a produção de bens e serviços, passaria a pertencer aos cofres dos estados dos consumidores finais. Por ser o estado mais industrializado, São Paulo alega prejuízo e propõe atenuantes.

 

"Não haverá problema porque a transição de um regime para outro se dará no prazo de dez anos".

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