05/07/2019 - 13:28 | última atualização em 05/07/2019 - 14:20

COMPARTILHE

CDHAJ vai à UFF debater intolerância religiosa

Nádia Mendes

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OAB/RJ realizou nesta quinta-feira, dia 4, um debate sobre o combate à intolerância religiosa, com foco nas religiões de matriz africana. O encontro aconteceu no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF) e foi motivado pela onda de ataques a terreiros no Rio de Janeiro, em especial na Baixada Fluminense e Região Metropolitana. Só em 2018 foram 30 ataques.

O Babalorixá Márcio D'Jagun, que é membro do Conselho de Direitos Humanos do Rio de Janeiro, defendeu que nunca existiu liberdadade religiosa no Brasil. "Hoje, no Brasil, continuamos lutando contra a intolerância religiosa", disse. Ele citou casos de crianças iniciadas no Candomblé que tinham a cabeça raspada e preferiam dizer na escola que estavam com leucemia. "Vemos o quanto a intolerância é real e paupável", defendeu. Segundo ele, o maior exercício a se fazer não é produzir marcos regulatórios, mas transpassá-los para o mundo real. 

A vice-presidente da CDHAJ, Nadine Borges, agradeceu a presença dos participantes e pontuou que a casa cheia demonstrava a importância do debate.

Em seguida, a Ialorixá Márcia D'Oxum falou sobre a experiência na resistência dos terreiros em São Gonçalo. Ela citou que em 2011 a casa onde foi criada a umbanda, que ficava na cidade, foi destruída. "A gente não se sente segura com a lei. Nesse caso, por exemplo, não houve lei e nem ninguém que pudesse nos ajudar naquele momento. Qual é, portanto, o papel que a Justiça pode excercer?", questionou. 

Também participaram do encontro o diretor da Faculdade de Direito da UFF, Wilson Madeira, o professor da UFF Manoel Martins Júnior, a defensora pública Lívia Casseres e o procurador da República Júlio Araújo. 

Abrir WhatsApp