23/01/2024 - 16:36 | última atualização em 24/01/2024 - 12:26

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Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária recebe mulheres agredidas após saída de casa de shows na Lapa

Caso, que está sob investigação na 5ª DP, teve grande repercussão nas redes sociais

Biah Santiago




Uma noite que era para ter sido de diversão e lazer tornou-se pesadelo para um grupo de amigas, sucessivamente agredidas na madrugada da última sexta-feira, 19, ao saírem de uma casa de shows na Lapa, Centro do Rio. As vítimas, mulheres transsexuais negras, foram atacadas física e verbalmente após confusão gerada em frente ao local. 

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OABRJ, representada pela secretária-geral, Mariana Rodrigues, e pelo procurador Rodrigo Mondego, recebeu as vítimas na segunda-feira, dia 22, e prestará o atendimento jurídico necessário ao caso.

No encontro, elas detalharam o início da confusão e descreveram uma recepção hostil por parte dos seguranças desde a chegada ao estabelecimento. Segundo as vítimas, ao questionarem o porquê daquele comportamento direcionado somente a elas, um tumulto começou e a partir disso, elas foram retiradas do local com agressões e linchamentos. Já do lado de fora, ambulantes e um motorista de aplicativo também participaram das agressões ao grupo. As fotos, compartilhadas também em redes sociais, expõem a gravidade dos ferimentos.

De acordo com Rodrigo Mondego, os ataques físicos foram seguidos por agressões verbais com frases transfóbicas e tratamento no gênero masculino. Além disso, as vítimas alegam que foram roubadas durante a confusão e tiveram objetos pessoais levados. 


“Nitidamente a transfobia foi a motivação das agressões”, declarou o procurador. “Infelizmente existe essa prática de tentar criminalizar as vítimas e colocá-las como causadoras desta situação, mas elas devem ser tratadas como o que são, vítimas. Elas precisam ter não só uma resposta do Estado, mas também um acolhimento”, considerou.



O caso, que está sob investigação da 5ª Delegacia de Polícia, na Mem de Sá, localizada no Centro do Rio, será acompanhado pela comissão e pelo advogado das vítimas, Djeff Amadeus, que classificou o crime de transfobia como um dos mais “bárbaros dos últimos tempos”.

A secretária-geral da CDHAJ, Mariana Rodrigues, reforçou o papel de vítima que a sociedade impõe à população trans.

“As pessoas trans mais uma vez encontram-se em processo de revitimização na sociedade. Ao saírem para se divertir em um ambiente festivo como a Lapa, aparentemente democrático, sentem-se, desde o primeiro momento, violadas e perseguidas”, observa Mariana. 

“Quando vão buscar ajuda do Estado, também são revitimizadas em ambiente policial. Esse caso mostra que novamente vítimas são colocadas ao lado de algoz, falta de respeito à identidade de gênero e sempre encontram travas colocadas pela sociedade. Confiamos que a 5ª DP tratará esse inquérito da maneira mais justa possível”.

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