29/11/2022 - 09:53 | última atualização em 29/11/2022 - 10:03

COMPARTILHE

Deputada Benedita da Silva foi homenageada pela Diretoria de Igualdade Racial da OABRJ

Cerimônia celebrou carreira da primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Senado Nacional

Felipe Benjamin



A trajetória da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) foi celebrada com uma homenagem realizada pela Diretoria de Igualdade Racial da OABRJ, na noite de sexta-feira, dia 25, no Salão Nobre Antonio Modesto da Silveira, na sede da Seccional. A cerimônia teve o comando da diretora de Igualdade Racial da OABRJ, Ivone Ferreira Caetano, e contou com a presença de diversos nomes que louvaram a carreira de Benedita, primeira mulher negra a ser eleita vereadora, deputada federal e senadora na História do país. 

“Este é um evento para homenagear uma mulher que conheço há algum tempo, e pela qual tenho enorme admiração”, afirmou a diretora de Igualdade Racial da Seccional.


“Durante muito tempo, ela foi minha referência, tempo esse no qual, no Rio de Janeiro, não havia negro que conseguisse colocar os pés nos espaços de poder.  Este é um evento relacionado à Década Internacional dos Afrodescendentes, criada pela ONU. Não há aqui qualquer objetivo político. Estamos aqui homenageando uma mulher negra que governou o estado, foi senadora e que conseguiu ultrapassar uma série de desafios em sua vida”. 


Vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio lembrou a inauguração da galeria que homenageia grandes nomes da advocacia preta no 4º andar do prédio da Seccional e destacou o legado de Benedita da Silva para a participação de mulheres negras na política nacional. 

“Benedita da Silva venceu barreiras quase intransponíveis para as mulheres e ocupou cargos muitas vezes monopolizados por homens, com dignidade, ética e correção”, afirmou Basilio. Por isso, tenho muito orgulho de integrar a Diretoria da OABRJ no momento desta justa homenagem a uma mulher tão magnífica. Ainda vivemos em um mundo repleto de desigualdades, e o que queremos para o futuro do país é que tenhamos várias Beneditas da Silva ocupando mais da metade do Congresso Nacional, e seguindo caminhos como o seu e de Ivone Caetano”.

Completaram a mesa a vereadora Tainá de Paula (PT-RJ); a corregedora do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OABRJ e coordenadora da Advocacia Preta Carioca (APC), Ângela Borges Kimbangu; a presidente da OAB Mulher RJ, Flávia Ribeiro; o presidente da Comissão de Ciências Políticas e Economia da OABRJ, Caio Mirabelli, e a presidente da OAB Mulher/Barra da Tijuca, Suely Beatriz Ferreira, que falou sobre a influência da trajetória da deputada em sua vida.

“Conheci Bené no início dos anos 1980 e já naquela época ela era uma pessoa de luta, com uma representatividade incomum. Rapidamente, se tornou uma referência e toda vez em que se falava nas questões dos negros, falava-se em Benedita da Silva. Mas ali na faculdade ela já mostrava ser uma pessoa que veio para fazer história, na luta da mulher, na busca por inclusão e inserção e no trabalho com as minorias. Me curvo em homenagens, parabenizando essa mulher e reverenciando seu legado, que continua aqui, firme e guerreira, sem nunca abandonar seu propósito”. 


Participaram ainda do evento as advogadas Sandra Lins, Ana Frazão e Rejane Passos do Nascimento, que cantou, acompanhada do violonista Edil Andrade. 

“Já participei de algumas homenagens a Benedita, mas é sempre uma honra, porque somos poucas nos espaços de poder, e ela nunca se furtou a ser uma representante que nos leva adiante”, afirmou a vereadora Tainá de Paula.

“Benedita não apenas impulsionou outras mulheres, como se tornou uma das mulheres mais significativas da política mundial, sendo reverenciada nas democracias e ocupando um lugar nesse panteão com um legado que já está cravado para além de sua presença na Terra. Benedita ajudou a construir a primeira CPI do Brasil que questionou a esterilização em massa. Foi a partir da consulta de Benedita ao TSE que chegamos à paridade no tempo de televisão e no fundo eleitoral. Ela nos reposicionou ao disputar eleições e defender o Ministério da Assistência Social, e por isso está cravada na pedra fundamental da construção das entranhas da descolonização brasileira”. 

Por fim, a deputada agradeceu a homenagem e relembrou desafios enfrentados em sua carreira e a amizade com Ivone Ferreira Caetano. 


“Levei muitos anos da minha vida para chamar uma negra de doutora, então não perderei essa oportunidade. Tenho uma responsabilidade com o meu povo, com o lugar de onde eu vim: a favela do Chapéu Mangueira. Lá ainda há mulheres que apanham, pessoas que passam fome, são violentadas, enterram muitos dos nossos jovens pretos, e crianças fora da escola. Enquanto isso ainda existir, eu não tenho o direito de parar.  É por isso que ainda estou aqui hoje, aos 80 anos. É para ver mais homens e mulheres negros na Câmara de Vereadores, na Assembleia Legislativa, no Congresso Federal. Ainda é pouco, estamos muito aquém, mas estamos caminhando. É por isso que estou aqui, para aceitar esta homenagem que, sem nenhuma modéstia, eu mereço”.

Abrir WhatsApp