08/04/2022 - 16:27 | última atualização em 08/04/2022 - 19:26

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Desembargador do TJRJ lança livro na sede da OABRJ

"Metendo a colher", de Wagner Cinelli de Paula Freitas levanta discussão sobre violência de gênero

Felipe Benjamin

O Salão Nobre da sede da OABRJ foi palco, na noite de quinta-feira, dia 7, do lançamento do livro "Metendo a colher" (Editora Gryphus), uma coletânea de artigos e outros textos sobre violência contra a mulher organizada pelo desembargador do TJRJ, Wagner Cinelli de Paula Freitas. A obra, que conta com prefácio da juíza Renata Gil, reúne textos do desembargador e contribuições de nomes como Zuenir Ventura, Melissa Duarte, Renata Izaal, Camille Pezzino, Paulo Alonso e Gabriela Zimmer.

"Temos muitos avanços no combate à violência contra a mulher porque tudo está mais exposto", afirmou o desembargador. "A imprensa tem trazido os fatos e não passamos uma semana sem saber de algum caso envolvendo mulheres que são vítimas por serem mulheres. É uma violência de gênero. Mas nessa equação há também uma necessidade de empoderamento da mulher, com mulheres ocupando postos chave na sociedade e participando do poder".

Para o desembargador, o combate à violência de gênero passa essencialmente por uma elevação social das mulheres, além de um longo processo de desconstrução por parte dos homens.

"Essa partilha de poder deve ser equânime, ainda que saibamos que essa violência não vá acabar de uma hora para outra", afirmou. "Mas precisamos de um trabalho contínuo de conscientização visando a prevenção, e que meninos e meninas cresçam refletindo sobre essa desigualdade que é histórica e cultural. Fazemos parte de uma sociedade e, portanto, estamos expostos aos símbolos machistas, que acabam fazendo parte de nossa vida, então é fundamental que eles sejam questionados. Esse trabalho não é de curto prazo, é constante. Não pode parar".

Wagner Cinelli falou ainda sobre o aumento da percepção popular sobre crimes como o feminicídio:

"O anuário de segurança pública nos diz que nesse último ano foram mais de 3.100 casos de feminicídio. Isso nos diz que a cada sete horas, uma mulher é vítima de feminicídio. Se desconsiderarmos a possibilidade de desinformação, questões metodológicas, limitações da polícia judiciária e outros elementos que possibilitem a classificação de um crime como feminicídio, temos uma base superior a três feminicídios por dia. Mais de 80% são praticados pelo atual ou ex-companheiro, e mais da metade deles acontece dentro de casa, que era para ser um local de segurança e refúgio. E, mais importante do que isso, é lembrar que dificilmente a violência começa e termina com esse crime terrível. É importante levar em conta quantas violências aconteceram ali, antes dos homicídios".

Além de Wagner, compuseram a mesa de lançamento do livro a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres na Prefeitura de Nova Iguaçu, Mirian Magali Alves Oliveira; a desembargadora do TJRJ Regina Passos; a vice-presidente da Caixa de Assistência da Advocacia do Estado do Rio de Janeiro (Caarj), Marisa Gáudio, e a presidente da OAB Mulher, Flávia Ribeiro. O desembargador destacou a importância de lançar o livro na Seccional.

"Antes de ser magistrado, fui advogado", contou Wagner. "Então é muito especial trazer um livro com essa temática tão importante, à OABRJ, que tem dado uma atenção especial à questão das mulheres".

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