22/03/2022 - 15:38 | última atualização em 22/03/2022 - 15:48

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Evento sobre terceira idade, racismo e combate à pedofilia celebrou o Dia Internacional das Mulheres

Felipe Benjamin

A Diretoria de Igualdade Racial da OABRJ celebrou nesta segunda-feira, 21, o Dia Internacional das Mulheres, comemorado em 8 de março, com um evento no Salão Nobre na sede da Seccional, comandado pela diretora Ivone Ferreira Caetano. O evento também chamou atenção para o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial e contou com palestras de Dina Frutuoso, assesora da Presidência da Caarj e presidente da Comissão da Pessoa Idosa da Associação Nacional e Internacional de Imprensa (ANI); Cláudia Vitalino, presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), e Leila Aguiar, advogada e profissional da área de saúde pela Universidade Gama Filho há 30 anos.

Compuseram a mesa a vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio; o presidente da Caarj, Ricardo Menezes; a subsecretária de Políticas para Mulheres do Estado do Rio de Janeiro, Glória Heloíza; a presidente da Associação das Mulheres Advogadas da Zona Oeste do Rio de Janeiro (Amazoeste), Bárbara Ewers; o vice-diretor de Igualdade Racial da OABRJ, Rodrigo da Mata; a diretora para Mulheres da OAB/Méier, Ana Beatriz Nogueira; o procurador-geral da Seccional, Fábio Nogueira, e a vice-presidente da OAB/Madureira, Danielle Marçal.

Prestes a completar 82 anos, a primeira palestrante, Dina Frutuoso, falou sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na terceira idade, dedicando sua fala à baiana Mary Aguiar, primeira juíza negra do Brasil e à mestre-griô da Mangueira, Maria Moura, com quem recebeu, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a Medalha Chiquinha Gonzaga, em 2015.

"O ciclo vital é muito interessante", afirmou Frutuoso. "O Brasil tem um infantilismo estrutural muito grande porque ainda se considera um país jovem, e temos um trabalho muito grande, no qual a advocacia tem um papel fundamental, porque tem uma grande quantidade de pessoas em locais muito diferentes em que se pode trabalhar essa questão".

Cláudia Vitalino aproveitou a oportunidade para falar sobre a questão da busca pela igualdade racial e convocou a Ordem a intensificar seus esforços pela inclusão de pretos e pardos.

"A OAB precisa se abrir para todos nós", afirmou a presidente da Unegro. "Hoje se completam 62 anos do Massacre de Sharpville, na África do Sul, um dia em que pessoas que protestavam pacificamente pelo seu direito de serem cidadãos foram mortas e feridas dentro de sua própria nação. No Brasil, que teve o processo escravocrata mais longo da História, esses cidadãos deixaram de ser escravos e se tornaram indesejáveis sociais. Os negros foram expulsos das senzalas para as favelas, e até hoje mantemos esse processo de racismo estrutural. Então temos que passar do discurso para a prática. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista".

Leila Aguiar completou o ciclo de palestras falando sobre pedofilia e tráfico humano, convocando todos os advogados a se juntarem à luta contra os crimes de abuso em todas as suas formas.

"Quero chamar atenção para a via-crucis enfrentada por pessoas que denunciam esses crimes", afirmou a advogada. "Desde a descoberta do fato, passando pela denúncia, até a penalização do algoz, o que tenho na prática diária é um cenário de desumanidade. É importante destacar a violência institucional que vemos diariamente e a perseguição que os denunciantes sofrem para poder defender a si mesmo ou outras vítimas. Essa perseguição passa por questões financeiras e institucionais, mas passa, também, por ameaças à própria vida. Venho há cinco anos falando sobre tráfico de pessoas, e o Brasil é o celeiro no mundo para esse tipo de crime".

Antes do encerramento do evento, que contou com a participação dos advogados presentes homenageando as advogadas mulheres, Glória Heloíza pediu a palavra para transmitir uma mensagem de apoio contra a violência de gênero.

"A violência contra a mulher tem recortes culturais e econômicos, então é preciso que todas nós mulheres se unam", afirmou a subsecretária. "Todas as mulheres, em especial as pretas e pobres, precisam ter voz e vez no nosso estado, mas precisamos dos homens ao nosso  lado para que essa voz seja ecoada. O que desejo não é pregar para os convertidos, mas conscientizar aqueles que ainda não entenderam que essa luta é de todos nós. Falar de defesa das mulheres é falar da defesa da sustentabilidade".

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