01/07/2019 - 18:47 | última atualização em 02/07/2019 - 14:16

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Jovens que sofreram ataque homofóbico recebem amparo da OAB/RJ

Clara Passi

As comissões de Direitos Humanos e Assistência Judiciária e de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/RJ atuam na defesa de três jovens que sofreram uma tentativa de linchamento motivada por homofobia na noite de sexta-feira, 28, Dia do Orgulho LGBTI. O ataque perpetrado por, pelo menos, 15 homens começou perto de um bar na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo,  Zona Sul do Rio.  

Nesta segunda-feira, 1ª, os advogados Mariana Rodrigues e Rodrigo Mondego acompanharam a garçonete Larissa Barbosa, de 23 anos, e os estudantes N.*, de 19, e João Pedro Oliveira, de 25, à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Centro, onde o caso foi registrado. Levaram testemunhas, imagens do sistema interno de segurança do prédio vizinho ao bar e exames de raio X que mostram uma fratura na mão de Larissa. 

Segundo Mondego, a recepção que o caso terá na delegacia especializada da Polícia Civil (criada no fim de 2018) servirá de termômetro para o efeito da criminalização da homofobia pelo Supremo Tribunal Federal, aprovada em 13 de junho.

Enquanto o mundo lembrava os 50 anos da Rebelião de Stonewall, marco da luta por direitos da comunidade LGBTI, três homens intimidaram Larissa e N.*, que são namoradas, com cochichos e dedos apontados. Logo depois, começaram a agredi-las fisicamente. Para defendê-las, Oliveira jogou bebida alcoolica sobre os homens e o ataque ganhou vulto. 

Além de ter tido a mão quebrada, Larissa foi alvo de socos no rosto, pontapés e arranhões no pescoço. Oliveira também foi golpeado e teve o celular quebrado. A filmagem mostra que um dos agressores mostrou o órgão genital às mulheres. A todo tempo, os três foram xingados com palavras de cunho homofóbico e misógino. Foram ainda ameaçados de morte. O grupo quis dar publicidade ao caso para coibir futuros ataques, já que as vítimas moram no bairro. 

“Caí no chão e continuaram me batendo. Se não tivéssemos entrado no prédio, teriam nos matado. Espero que o episódio sirva de alerta”, diz a garçonete.

A advogada acredita que, se o rapaz não tivesse desviado a atenção dos agressores, as meninas teriam sofrido um “estupro corretivo”, algo recorrente.  “Abriram a porteira do caos para a população LGBTI”, lamenta ela, que recomenda às vítimas de crimes de ódio que busquem uma delegacia especializada acompanhadas de um advogado para evitar a revitimização. 

*O nome foi omitido a pedido da vítima.

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