23/08/2023 - 21:44

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Kakay defende que Jair Bolsonaro tenha direito ao devido processo legal que foi negado aos réus da Lava Jato

XII Conferência Estadual da Advocacia Fluminense foi encerrada por painel de Direito Constitucional

Clara Passi



O último painel da XII Conferência Estadual da Advocacia Fluminense foi dedicado ao Direito Constitucional e teve a participação de dois expoentes da advocacia nacional, que vêm ajudando a escrever a história do Direito - e do país: o professor de Direito Constitucional Walber Agra, autor das  Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) que deixaram o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível, e o criminalista Antonio Carlos de Almeida, o Kakay. A presidente da Comissão de Direito Constitucional da OABRJ, Vania Aieta, mediou o debate, que teve também contribuições do presidente da Seccional, Luciano Bandeira, e do membro honorário do Conselho Federal, Felipe Santa Cruz. 

Não conseguiu estar presencialmente na conferência? Assista à transmissão no canal da OABRJ no YouTube.

De forma efusiva, Aieta contou que o momento histórico não deixou dúvidas sobre o tema: “A democracia venceu!”.

Agra apontou a grave desigualdade social, uma das mais agudas do mundo, como estressor da democracia brasileira. 

“Quando tratamos de políticas distributivas, começamos a não ter mais pontos em comum. Quando se fala de direitos econômico, culturais e sociais, não temos unanimidade no universo jurídico”, avalia.


“O Supremo teve um papel essencial ao deixar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível e poupando vidas na pandemia, mas não o vejo tendo papel na redistribuição de ativos sociais. A questão econômica é, sim, um ponto nodal”, disse, citando os impactos positivos de um possível corte de juros.



Agra criticou o expediente de se tratar a liberdade de expressão como valor absoluto - mais forte que a dignidade humana, que a vida, que o Estado democrático de Direito. 

“Os direitos fundamentais são relativos - fora a vedação à tortura e ao tratamento cruel e degradante e à escravidão, claro. A liberdade de expressão tem seus limites”, afirmou, alertando para o perigo das fake news no que diz respeito ao discurso de ódio, antivacina e o terraplanismo. 

“O Judiciário pode, sozinho, ter o peso de garantir a democracia? Onde estava a sociedade, os advogados?”

Kakay abriu sua fala puxando um coro de  “Toda a forma de amor”, em referência ao show de encerramento, de Lulu Santos e engrenou um discurso inflamado sobre os excessos da Operação Lava Jato, que foi marcada pela “espetacularização da Justiça, da criminalização da política e da advocacia”. 

Foi aplaudido de pé quando defendeu que o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria ter tido o mandato de deputado federal cassado em 2016, quando exaltou o torturador Brilhante Ulstra no Congresso Nacional durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. 


“Espero que, dentro de pouco tempo, possamos voltar a ter estabilidade democrática, que o legislativo que tão cobrado por nós possa ter suas funções preservadas dentro da harmonia dos poderes, para que o Judiciário possa deixar  de desempenhar o protagonismo que tanto criticamos. Embora tenhamos que reconhecer que este poder foi responsável por manter a estabilidade democrática”. 



Sobre as investigações da Polícia Federal que envolvem o ex-presidente Bolsonaro, Kakay afirmou: 

“Não é hora de prender ninguém. È hora de dar o devido processo legal e tudo o que não deram para nossos clientes à época da Lava Jato. A democracia só se fortalecerá se fortalecermos os preceitos constitucionais. É muito importante que agora preservemos a civilização. Para isso, é necessário que não sintamos vontade de usar os métodos da barbárie. O processo que se dá contra Bolsonaro e seu bando tem que se dar dentro dos limites constitucionais. A prisão preventiva que foi banalizada pela Lava Jato não pode continuar a ser banalizada”.

Aieta reiterou: “A defesa do devido processo legal e dos demais princípios constitucionais  têm que morar no coração e nas mentes de cada advogado e advogada”.

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