18/12/2008 - 16:06

COMPARTILHE

Ministério da Justiça e PF atacam milícias

Ministério da Justiça e PF atacam milícias

 

 

Do Jornal do Brasil

 

18/12/2008 - O secretário Nacional de Segurança, Ricardo Balestreri, anunciou ontem que o fim das milícias que se infiltraram em 171 comunidades do Rio será a prioridade dos programas de combate à violência bancados pelo Ministério da Justiça. Ele também garantiu que vai pedir ao ministro Tarso Genro que convoque a Polícia Federal para organizar operações de impacto que ajudem a desmantelar as organizações e disse que vai incorporar a análise sobre o crescente poder e infiltração desses grupos em todas as ações relacionadas ao Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci). Embora não tenha definido cifras, afirmou que haverá mais recursos federais e uma ação articulada que integre repressão e ações sociais envolvendo o Ministério da Justiça, governo estadual e Prefeitura do Rio para devolver à população territórios hoje em poder dos milicianos.

 

"As milícias representam a segunda geração do crime organizado", disse o secretário, depois de receber o grupo de deputados do PSOL que entregou a ele o relatório final da CPI das Milícias. “Elas têm um potencial maior pela capacidade de infiltração no poder político".

 

Balestreri disse também que o governo teme uma eventual migração das milícias para outros Estados.

 

"O que assusta é a dimensão que as milícias tomaram ao se envolver em campanhas eleitorais no Rio. Essa infiltração é muito perigosa e, se espalhar para outros Estados, pode ameaçar a democracia", alertou o secretário, usando como exemplo o que ocorreu na Colômbia nos anos 80, durante o "reinado" do traficante Pablo Escobar. Balestreri afirmou que em alguns locais do Rio, além de monopolizar o fornecimento de serviços como internet e TV a cabo pirata, gás de cozinha, transporte, segurança e de substituir o crime organizado tradicional, as milícias estão praticando o tráfico de drogas. Dados da CPI apontam que em 65% das localidades as milícias provocaram o surgimento do crime.

 

 

Proteção

 

O governo federal também vai vai incluir no programa de proteção as pessoas que estão ameaçadas pelas milícias e vai discutir com a Secretaria de Segurança Pública do Rio a possibilidade de desarmar o Corpo de Bombeiros do Rio.

 

"Precisamos firmar a convicção de que bombeiro não é polícia e não precisa de arma letal como regra", disse o secretário.

 

O secretário Nacional de Segurança anunciou também que, para reforçar o combate às milícias, o governo do Rio será o primeiro destinatário de um helicóptero blindado doado pelo governo federal. O acerto foi feito por telefone entre Balestreri e o governador Sérgio Cabral, na segunda-feira. De fabricação americana e rústico, o aparelho deverá custar cerca de US$ 9 milhões e deverá ser entregue à polícia no início de 2009.

 

Na avaliação do Ministério da Justiça, o falso discurso à favor da população, aliado à capacidade de infiltração nas áreas pública e privada, transformaram as milícias num grande desafio às autoridades de segurança.

 

"É uma faceta do crime fortemente articulada com os poderes constituídos", lembra Belestreri. "Sua estratégia é mais potente que o crime tradicional porque foca o lucro e o poder".

 

O secretário diz que esses grupos se organizaram no vácuo deixado pelo Estado e agora, se não houver um mutirão institucional, pode se espraiar pelo país em função da capacidade do Rio de Janeiro de "exportar" para "o pior e o melhor".

 

"Se não tiver políticas públicas, pode contaminar", alertou. Ele diz que a sintonia entre o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral deve ser aproveitada como um "tripé contra as milícias".

Abrir WhatsApp