08/03/2022 - 18:47 | última atualização em 08/03/2022 - 18:50

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Nova presidente da OAB Mulher da Seccional, Flávia Pinto Ribeiro quer incentivar diversidade em escritórios de advocacia

Clara Passi


Empossada na véspera deste Dia Internacional da Mulher, Flávia Pinto Ribeiro é a segunda advogada negra a presidir a OAB Mulher da OABRJ - A primeira foi Zélia Welman (1991-93). 

Aos 36 anos, Ribeiro ingressou nos quadros da Ordem pela Comissão da Verdade da Escravidão Negra da Seccional em 2016, como primeira secretária e, depois, vice-presidente. Em 2019, foi convidada pela então presidente da OAB Mulher, Marisa Gaudio, a ocupar o posto de secretária-geral da comissão. Em 2019, foi alçada a vice-presidente na gestão de Rebeca Servaes. 

Primeira advogada de uma família de contadores e exemplo vivo da urgência de se somar as especificidades da mulher advogada à pauta racial, foi voz ativa nos primeiros debates sobre a criação de cotas raciais que complementassem a paridade de gênero nas eleições da OAB.

A valorização da mulher advogada, com enfoque na interseccionalidade e o incentivo ao emprego de jovens advogadas negras junto às bancas, concedendo uma espécie de selo de diversidade aos escritórios que estabeleçam uma presença significativa desse perfil, será a grande tônica do trabalho da OAB Mulher neste mandato que se estende até 2024, adianta ela.

“A profissional negra encontra ainda mais obstáculos para ter sucesso. Demorei muito para ter visibilidade. Fui autônoma por muito tempo depois de formada porque não havia quem me empregasse nos escritórios. Isso só aconteceu quando me tornei vice da OAB Mulher”, lembra.

A advogada pretende também dar continuidade ao Clube do Livro da OAB Mulher, um projeto de formação que aborda títulos escritos por feministas e pelos expoentes do feminismo negro, como Angela Davis e Conceição Evaristo. Quem quiser participar, deve entrar em contato com os canais da OAB Mulher: [email protected] ou pelas redes sociais da comissão. 

Também terá centralidade no mandato a atuação junto ao poder público pela efetivação de avanços legislativos como a Lei Mariana Ferrer (Lei Federal nº 14.425/2021), que protege não só autora e testemunhas, como também a mulher advogada durante atos judiciais relativos a casos de violência sexual; e a inclusão no Código Penal do crime de violência psicológica contra a mulher ( Lei nº 14.188, de 29 de julho de 2021).

“Este tipo de agressão não ocorre apenas em âmbito doméstico, mas também no corporativo. A OAB Mulher criará espaços de escuta e acolhimento para vítimas”.

Mãe de duas meninas, uma de 13 anos e outra de 4, Ribeiro fez questão de integrar a maternidade à rotina profissional. Sua imagem ficou marcada pelo ato corajoso de amamentar a caçula, Ivie, durante as participações nos eventos da OABRJ (foto). Era a prova visível de que a entidade, historicamente tão masculina e elitista, acompanhava a marcha dos tempos. 

“É muito sintomático que a gestão Luciano Bandeira tenha escolhido uma negra retinta como eu para comandar uma das comissões mais importantes da casa”, comemora, prometendo lutar pela inclusão de espaços onde mães e pais possam deixar seus filhos nas estruturas do Poder Judiciário e escritórios de advocacia.

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