26/03/2024 - 17:53 | última atualização em 27/03/2024 - 17:43

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OAB Mulher coloca em evidência capital investido na maternidade

Felipe Benjamin



Realizado na manhã de terça-feira, dia 26, pela Comissão OAB Mulher RJ, o evento "O capital invisível investido na maternidade - precificação do trabalho materno" levou ao Salão Nobre Antonio Modesto da Silveira, na sede da Seccional, uma palestra da advogada especialista em Direito das Mães, Ana Lúcia Dias, sobre os desafios enfrentados por mulheres que equilibram a vida profissional e a maternidade.


"Em 'O lado invisível da economia', a autora Katrine Marçal se pergunta por que Adam Smith, o pai da economia moderna, comia bife", afirmou Dias. "Contrariando as teorias do economista - que dizia que as pessoas comem pão porque alguém plantou o trigo, arou a terra, colheu, fez a farinha, montou a padaria, produziu o pão e o vendeu - ela afirma que Adam Smith comia bife porque sua mãe preparara o bife. Uma mulher saiu, comprou a carne, temperou o bife, preparou o prato, serviu o jantar, e depois lavou a louça. Ele só comeu e ficou livre para pensar a grande economia do mundo".



O evento teve na mesa de abertura as presenças da presidente da OAB Mulher RJ, Flávia Ribeiro, e das coordenadoras de grupos de trabalho da mesma comissão Pamela Brito e Rebeca Nunes (GT Saúde da Mulher) e Ursula Azevedo (GT Educação Jurídica). 

"Quando uma mulher calcula os gastos que tem com seu filho e os apresenta, é difícil que a outra parte refute, afinal, há provas", afirmou Dias.

"Ainda assim, muitas de minhas clientes têm dificuldade em reunir essas informações e fazer esses cálculos, porque essa ação é encarada como a atribuição de um valor financeiro ao filho. Ser mãe não tem preço, e, ao apresentarem valores, muitas se sentem mercenárias. Mas, ao mesmo tempo, fazendo esses cálculos, elas passam a entender onde estão os buracos em seus orçamentos mensais, por que ela está devendo e por que suas noites de sono não são mais as mesmas".

Em sua palestra, a advogada frisou que o olhar sobre o papel doméstico da mulher precisa passar por transformações para evitar a perpetuação de comportamentos danosos.


"O agente libertador que emerge no Terceiro Mundo é a força não remunerada das mulheres que ainda estão conectadas à economia da vida por meio do seu trabalho: elas servem à vida e não à produção de mercadorias", afirmou Dias.



"Elas são a base oculta da economia mundial, e o salário equivalente à sua vida útil de trabalho é estimado em US$ 16 trilhões. Cuidar de criança não é uma função de gênero e o cuidado não remunerado é uma violência de gênero. Impor à mulher que cuide quase que exclusivamente dos filhos gera uma sobrecarga, deixando-a em uma posição desigual em relação aos homens".

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