04/06/2008 - 16:06

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OAB/Nova Friburgo discute o ensino público no Projeto ESA Seis e Meia

OAB/Nova Friburgo discute o ensino público no Projeto ESA Seis e Meia

 

Do Jornal A Voz da Serra

04/06/2008 - A Escola Superior de Advocacia (ESA) promoveu na última semana de maio, em mais uma edição do projeto ESA Seis e Meia, uma reflexão sobre a preocupante realidade do ensino público no país, com discussão em torno do documentário de João Falcão, "Pro dia nascer feliz". A iniciativa contou com a parceria da comissão OAB vai à escola.

 A produção de 2004 revelou a realidade do ensino em escolas públicas do município de Manari, no interior pernambucano; Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.

Nas três regiões apresentadas foram observadas diferentes carências, mas a mesma realidade: o caos na educação, que não conta com professores devidamente preparados, necessita de total reformulação estrutural, há desmotivação dos alunos pela falta de perspectivas de emprego após o término do ensino médio, ausência de sonhos, marginalidade nas escolas e perda da dignidade de educadores e estudantes.

Enquanto em Manari os alunos somam dificuldades, como a carência de professores e até mesmo de transporte para complementação dos estudos em cidades vizinhas de maior porte, no Rio e em São Paulo a convivência com o tráfico de drogas e a criminalidade se sobrepõe ao princípio básico do aprendizado, inclusive com o chocante relato de uma aluna de 15 anos, que assassinou a colega dentro de uma escola paulista, por motivo fútil, e sua bombástica revelação: "Não tem importância ir para a Febem. Três anos passam rápido".

Já na escola de Duque de Caxias, um dos destaques foi a contaminação dos alunos pelo tráfico vizinho à escola e a constatação de que, em muitos casos, o jovem se influencia pelo crime não por vontade própria, mas apenas para não ser excluído pela turma. O filme frisou ainda que a realidade do ensino público brasileiro pouco mudou da década de 40 até os dias de hoje.

O presidente da ESA, Jorge Luiz de Souza, observou que o filme mostra que há muito o que fazer, trazendo à tona a crise de credibilidade dos governos atualmente. "Está mais que na hora de mudarmos valores. Os jovens, mais que ninguém, precisam de perspectivas na vida", opinou, enquanto a professora de uma escola pública do Alto de Olaria observou que muitas dificuldades mostradas no documentário são enfrentadas em Nova Friburgo. "Na escola em que trabalho falta até papel higiênico e a maioria dos alunos está desestimulada. Sempre volto do trabalho arrasada", lamentou.

Na opinião do presidente da comissão OAB vai à escola, Olegário Colly, o filme provocou a conscientização da injustiça intolerável da educação pública no Brasil. "Em muitos casos é preciso chocar para provocar uma reação. Não podemos perder a oportunidade de nos indignarmos, pois, se houver acomodação e aceitação, nada poderá mudar", disse ele.

A presidente da comissão de Meio Ambiente da OAB local, Elida Seguin, falou da necessidade de uma medida judicial para garantir o acesso de todos à educação. Para ela, ainda falta efetividade na Constituição. "Um exemplo da necessidade de melhoria na base escolar está no índice de reprovação dos últimos exames da OAB por advogados recém-formados. O estado do Rio é o 18º colocado", lembrou o presidente da OAB Friburgo, Carlos André Pedrazzi, enquanto seu vice, Rômulo Luiz Colly Filho, frisou a necessidade urgente de mudança do modelo escolar brasileiro.

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