17/05/2022 - 17:15 | última atualização em 18/05/2022 - 18:35

COMPARTILHE

OABRJ acompanha família de jovem morto na Barreira do Vasco em primeiro depoimento à Polícia Civil

Clara Passi

Membros da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ acompanharam parentes de Ruan Limão do Nascimento -  o jovem com retardo mental leve e dificuldade psicomotora morto por arma de fogo no dia 6 deste mês, na Barreira do Vasco - na primeira oitiva do inquérito instaurado pela Delegacia de Homicídios da Capital, nesta terça-feira, dia 17.

Os advogados expressam confiança no trabalho da Polícia Civil para apurar a responsabilidade pelo homicídio de Ruan, que causou comoção na comunidade e provocou manifestação de pesar e pedido de justiça por parte do Vasco da Gama, clube pelo qual o jovem torcia. 

Nesta terça-feira, foram ouvidos a mãe, a camareira Bianca Alves Limão, de 46 anos, e o irmão, o porteiro Renan Alves Limão, de 30 anos. A família entregou aos investigadores os atestados médicos que comprovam que Ruan tinha deficiência intelectual.


“Para nós, da defesa, é um erro o caso ter ido para a equipe de auto de resistência tendo em vista que Ruan era absolutamente incapaz: um rapaz com deficiência intelectual, conhecido por todos da comunidade, incapaz de cometer crime ou ter feito algo que tenha gerado sua morte. Confiamos no trabalho da Delegacia de Homicídios da Capital para chegar à verdade dos fatos e responsabilizar quem tirou a vida do Ruan”, diz o procurador da CDHAJ Rodrigo Mondego.



“A família está muito abalada, mas muito agradecidas com o auxílio da comissão”, conta a também procuradora da comissão Mariana Rodrigues. Além destes, o procurador Leonardo Guedes, os membros Marcio Vellozo e Vanessa Lima integraram a diligência.  

A família conta que Ruan tinha ido cortar o cabelo na localidade conhecida como Favelinha do Café, por volta das 18h30, quando foi baleado com um tiro de fuzil nas costas, num momento em que não havia confronto. Na nota que divulgou à imprensa, a Polícia Militar confirmou que policiais do serviço reservado do 4º Batalhão atuaram na localidade para verificar o comércio ilegal de cobre, mas contradisse o relato das testemunhas afirmando que havia confronto durante a abordagem. A 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) foi acionada e ouviu os PMs envolvidos.

No dia 10 deste mês, a OABRJ oficiou à direção do Hospital Municipal Souza Aguiar em busca de informações sobre o estado em que Ruan deu entrada na unidade hospitalar. De acordo com as testemunhas do homicídio, o grupo de policiais à paisana do qual teria saído o disparo que atingiu Ruan transportou o jovem até o hospital na mala de um carro compacto descaracterizado. O mesmo em que esses mesmos agentes usaram para circular pela comunidade momentos antes da operação. Os advogados da Ordem querem saber se Ruan já chegou morto ao hospital e identificar os policiais que o acompanharam. 

O primeiro contato da CDHAJ com o caso foi ainda no Instituto Médico Legal, na manhã de sábado, dia 7. O sepultamento de Ruan foi realizado no dia seguinte, domingo, dia 8, Dia das Mães.

Abrir WhatsApp