17/05/2022 - 15:30 | última atualização em 17/05/2022 - 18:37

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OABRJ acompanha família de Kathlen Romeu na Justiça Militar Estadual

Clara Passi


Um dos casos de grande repercussão abraçados pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OABRJ, o processo embasado na denúncia do Ministério Público contra os cinco policiais militares envolvidos no homicídio de Kathlen Romeu - por fraude processual por supostamente terem alterado a cena do crime e falso testemunho - teve a primeira audiência na Justiça Militar Estadual, na segunda-feira, dia 16. 

As duas acusações surgiram de depoimentos de testemunhas em sede policial e de um vídeo levado por uma delas, que, segundo o MP, na peça de denúncia, evidencia esses crimes militares. Na Justiça comum, o caso ainda está em fase de investigação pelo Ministério Público natural, que investiga o crime de homicídio.  

Os procuradores da CDHAJ Rodrigo Mondego e Mariana Rodrigues representam a família da designer de interiores baleada no peito com um tiro de fuzil aos 24 anos, quando estava grávida do primeiro filho, durante uma operação da Polícia Militar no Complexo do Lins, na Zona Norte, em julho de 2021. 

Após quase três horas de sessão, o julgamento dos três cabos, um terceiro sargento e um capitão foi adiado para o dia 27 de junho, já que uma das testemunhas faltou. Foram ouvidos outras quatro testemunhas de defesa dos PMs, o pai, a mãe e a avó de Kathlen que a acompanhava no momento do disparo. 

Mondego comenta a acusação de fraude processual a que os PMs respondem:

“Houve um conluio para justificar o assassinato da Kathlen. Criaram uma narrativa de que existia um confronto, mas já se provou que não houve, seja pela perícia de local feita pela Polícia Civil, seja por um vídeo que prova que houve uma tentativa de desfazimento de cena do crime por parte dos PMs”. 


Os agentes alegaram que houve tiroteio no momento em que Kathlen foi atingida, mas a avó da jovem nega a versão. A nova data estipulada para o julgamento na Justiça Militar prolonga ainda mais a angústia da família. A primeira data da audiência inicial era 11 de abril, mas um erro processual na formação do colegiado de militares obrigou o adiamento. 

“Vamos cobrar do Ministério Público o oferecimento da denúncia criminal contra aqueles que tiraram a vida de Kathlen. Até agora, mesmo após a auditoria militar ter encontrado todas as provas que demonstram autoria, o MP continua se recusando a oferecer a denúncia”, afirma o presidente da CDHAJ, Álvaro Quintão. 

“Acompanhamos o caso desde o início, em toda a instrução criminal, inclusive na auditoria militar do Ministério Público, e esperamos que o primeiro julgamento desta área da auditoria militar leve ao início de uma resposta ao caso para a família, que, há quase um ano, aguarda uma resposta do estatal”, diz Rodrigues.

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