11/05/2023 - 17:02 | última atualização em 11/05/2023 - 17:08

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OABRJ analisa cenário das eleições dos conselhos tutelares no estado

Encontro debateu a necessária participação da sociedade civil na escolha de candidatos inscritos

Biah Santiago



Em meio às vésperas do término das inscrições para as eleições dos conselhos tutelares no Rio de Janeiro, que acontece em outubro deste ano, a Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente (CDCA) da OABRJ realizou, nesta quinta-feira, dia 11, evento para discutir o tema e a participação da sociedade civil na escolha dos candidatos inscritos, que farão parte dos quadros por quatro anos (2024 a 2028). Para assistir ao encontro na íntegra, acesse o canal da Seccional no YouTube.  


“Este é um assunto que deveria mobilizar toda a sociedade. Infelizmente, a população não está preparada para votar no Conselho Tutelar (CT), porque sequer sabe qual o trabalho desempenhado pelos conselheiros”, analisou a presidente do grupo, Silvana do Monte Moreira, durante a abertura do encontro. 



“O Rio é uma cidade de 7 milhões de habitantes e não sabemos como e onde procurar, dirigir denúncias, solicitações e questionamentos. O CT não serve para ‘dar susto’, mas sim para garantir direitos de cada criança e adolescente, diretrizes inseridas no artigo 227 da Constituição Federal. Nós temos cerca de 35 anos de privação desses direitos pelo Estado, por exemplo, em situações de uma simples inscrição em creches e escolas públicas. Estamos propondo aqui essa discussão para levar conhecimento deste tema para a sociedade”.

Ao lado de Silvana, compuseram a mesa as representantes do Instituto de Direito Coletivo (IDC): a presidente Tatiana Bastos; e a conselheira fiscal Cinthia Polliane Comandaroba, também membro da CDCA.

“Teremos uma eleição a nível nacional. Nós, enquanto população, e até mesmo operadores do Direito, não temos informações a respeito disso. Precisamos cobrar uma melhor divulgação por parte dos órgãos competentes para dar voz à sociedade e dotá-las de conhecimento sobre os candidatos que serão futuros conselheiros”, considerou Cinthia. 

“Será que estamos realmente cientes da nossa responsabilidade com essas crianças e adolescentes? E, além disso, sabemos que cabe a nós olhar o todo e não apenas para nossa realidade? O Instituto fará um trabalho de capacitação após as eleições, para que eles saibam quais são suas obrigações”.

A conselheira do IDC enumerou, também, artigos que constam os direitos referentes ao tema e às atribuições dos conselhos tutelares, tal como atendimento e acolhimento com medidas de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); promover execução de suas decisões; encaminhar à Justiça os casos pertinentes aos CTs, entre outras funções.

Segundo Tatiana Bastos, idealizadora do projeto de capacitação ‘Priorizando o Conselho Tutelar voltado à maior participação da sociedade civil’ do IDC, existe uma “lacuna de participação da sociedade, que é preciso rever”.

“Na última eleição, apenas 12 mil pessoas votaram, sendo 0,4% da população da cidade do Rio de Janeiro. Este número é ínfimo e isso deve-se a inúmeros fatores”, observou Bastos.

“Precisamos colocar essa eleição como prioridade e buscar entidades como a OABRJ para discutir esse cenário. São 19 conselhos tutelares, e temos uma complexidade quanto a isso, pois as pessoas não sabem a localização das unidades”.



Em sua fala, Bastos ressaltou, também, a importância de praticar o voto e conhecer os perfis dos candidatos para acompanhar a estruturação dos CTs do estado.

“Através desta iniciativa, iniciaremos, em julho, as aulas de capacitação gratuita e online em todo país, para quem está participando desse processo de candidatura”, disse a presidente do IDC. “Após o resultado das eleições, formaremos uma rede de apoio para os novos conselheiros tutelares para que eles possam ter ferramentas para atuar”.

Após as apresentações das palestrantes, o público destacou tópicos e expuseram seus posicionamentos e questões referentes à temática.

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