01/11/2023 - 18:41 | última atualização em 01/11/2023 - 18:53

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OABRJ e CRMV promovem I Fórum Cidadania Preto e Branco sobre relações raciais e seus impactos na vida de profissionais da saúde

No encontro, especialistas destacam desigualdades e desafios no mercado de trabalho para a população negra

Biah Santiago



A Comissão de Direito Médico Veterinário da OABRJ e o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), com apoio da Advocacia Preta Carioca (APC-Umoja) e da Afrovet, realizaram nesta quarta-feira, 1º de novembro, o I Fórum Cidadania em Preto e Branco. O evento teve como objetivo discutir as relações raciais e o impacto delas na vida de profissionais de saúde em meio aos constantes desafios da população negra na ocupação de espaços no mercado e a desigualdade social e racial. 

É possível assistir a primeira parte do encontro na íntegra pelo canal da Seccional no YouTube. 

Na abertura, a diretora de Igualdade Racial da OABRJ, Ivone Ferreira Caetano, refletiu sobre os enfrentamentos e possibilidades de mercado para pessoas negras.

“São muitas as barreiras e poucas são as conquistas. Mas não desistam, pois, mesmo com as dificuldades, quando a gente persiste, é possível vencer”, declarou Ivone.


“Tivemos poucos avanços mesmo após 135 anos após a abolição da escravidão. Mas, ultimamente, isso mudou. A população negra antes não podia sequer estudar, já que era proibido por lei e criminalizado. O ódio disseminado contra os negros gerou tudo isso. Ainda não recebemos metade da reparação necessária, e as piores doenças que existem nesse país são o racismo e os vários tipos de preconceito, então é preciso dar as mãos para acabar com o patriarcado e o machismo enraizado na sociedade”.



Também compuseram a mesa de abertura a presidente da Comissão de Direito Médico Veterinário da Seccional, Larissa Paciello; o presidente do CRMV-RJ, Diogo Alves; a corregedora do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da Ordem e presidente da APC-Umoja,  Ângela Borges Kimbangu; e os representantes de conselhos regionais do Rio de Janeiro: de Serviço Social da 7ª Região (Cress), Jussara Reis; de  Psicologia da 5ª Região (CRP-Niterói), Viviane Martins; de Biomedicina da 1ª Região, Raphael Rangel; de Educação Física, Liziane Reis; e os presidentes de Nutricionistas da 4ª Região, Anna Carolina Rego Costa; e de Biologia da 2ª Região, Gustavo Pessôa.

Para a corregedora do TED, a saúde é de interesse da população negra brasileira e não só das pessoas que possuem mais acesso à ela.

“Quando nós, pessoas pretas, não sabemos quem somos, automaticamente adoecemos. Saber sobre suas origens, pretitude e potência, é importante para empoderar-se de sua própria saúde”, disse Angela Kimbangu.

Falando a respeito da inclusão e igualdade na sociedade, o presidente do CRMV Diogo Alves relembrou que o Brasil, apesar de ter estabelecido igualdade jurídica, “ainda conta com situações segregatórias para isolar o negro”.

“O Brasil é o país com o maior número de pessoas negras fora da África e mesmo com a igualdade de Justiça, ainda há mecanismos que segregam a população negra”, constatou Diogo. 


“Um dos motivos desse encontro foi um caso de injúria racial sofrida por um médico veterinário durante seu expediente. Então, enquanto conselho de classe, insurgimos quanto a perda de autonomia profissional desse colega, que teve sua capacidade técnica questionada por outra pessoa em uma agressão contra não só o profissional, mas também o ser humano. O Conselho e a OAB estão inseridos na sociedade e precisamos trazer temáticas que sejam de interesse social”.



A vice-presidente do CRP-Niterói, Viviane Martins, considerou que a ‘espinha dorsal’ da psicologia é a defesa dos direitos humanos.

“Não há saúde de uma população se não lhe garantem direitos humanos. Vivemos uma trajetória muito difícil, o povo negro tem sua história atravessava por essa não garantia e violação de direitos”, ponderou Viviane. 

“56% da população se declara parda e negra e são essas pessoas que chegaram para solicitar atendimento e suporte nos conselhos e entidades. O Estado do Rio de Janeiro não se furta a essa violação, pois somos o estado que mais mata jovens e agentes de segurança pública pretos nessa disputa de territórios. Não podemos nos calar e nos acostumar com essa situação. Se queremos promover saúde, é preciso oferecer mecanismos para que isso ocorra”.

Veja todas as palestras da segunda etapa do encontro no canal da OABRJ ou clicando aqui. 

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