24/11/2023 - 16:39 | última atualização em 24/11/2023 - 19:34

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OABRJ homenageia militares que se opuseram ao golpe de 1964

Evento realizado pelo Centro de Documentação e Pesquisa celebrou atuação da Unidade de Mobilização Nacional pela Anistia (UMNA)

Felipe Benjamin

Na tarde de quinta-feira, dia 23, o Centro de Documentação e Pesquisa da OABRJ homenageou integrantes da Forças Armadas que se opuseram ao golpe civil/militar de 1964, com um evento realizado no Plenário Evandro Lins e Silva, na sede da Seccional. O encontro discutiu as reparações pendentes a vítimas do regime militar e a luta para que a memória do golpe não caia no esquecimento. Assista aqui.

"Esse evento surgiu de contatos com a Unidade de Mobilização Nacional pela Anistia (UMNA)", afirmou o diretor do Centro de Documentação e Pesquisa, Adersson Bussinger. "Essa anistia faz parte de uma luta por justiça de transição, que pode ser expressada na busca pela verdade do que aconteceu no país após o golpe, a memória permanente dos acontecimentos, e os esforços para responsabilizar aqueles que participaram do golpe e indenizar os que foram perseguidos. Tivemos, no 8 de janeiro, um momento em que nos aproximamos de um novo golpe militar, e, por isso, é importante que tenhamos eventos como este". 

Os militares Wanderley Rodrigues da Silva, José Alípio Ribeiro e Daltro Jacques Dornellas representaram o grupo maior de integrantes das forças armadas que firmaram posição contrária à posição da corporação à época da ditadura.

"É importante deixar claro aqui que não somos contra os militares", afirmou a representante da Plenária Anistia Rio, Dilceia Quintela. "O que condenamos são aqueles militares que foram algozes, torturaram e mataram. Aos militares que, até hoje, estão na luta pela Justiça, pela verdade, pela memória e pela reparação, nós prestamos uma homenagem. Estamos lutando para transformar a Casa da Morte em Petrópolis, o antigo DOPS e a Usina Cambahyba em memoriais e precisamos do apoio de todos".

Completaram a mesa do evento a advogada e membro da Comissão de Justiça de Transição da OABRJ, Barbara Tardin; o cineasta Camilo Tavares; os advogados Bruno Talpai, Victor Pessoa e Luiz Carlos Moreira; as militantes Eliete Ferrer e Vilma da Silva; os representantes dos trabalhadores do Arsenal de Marinha, Paulo Henrique Machado e Sérgio Lopes Duarte.

"Quando falo com alguns anistiados que ainda não tiveram seus problemas resolvidos, eu realmente acredito que, no ano que vem, as perspectivas serão melhores", afirmou Tardin. "O ministro Silvio Almeida se reuniu com representantes dos anistiados a respeito do orçamento que foi retirado nos últimos seis anos. Apesar de muitas críticas que podemos fazer à Comissão de Anistia, acredito que julgamentos serão retomados, anulações de portarias serão revistas e teremos um cenário mais positivo. É importante que a luta pela justiça de transição não fique restrita aos anistiados, que as Forças Armadas e a sociedade em geral abracem essa causa".

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