16/03/2022 - 12:50 | última atualização em 18/03/2022 - 17:51

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OABRJ presta assistência à família de jardineiro morto em Piedade

Gilcemir da Silva foi baleado durante operação do Bope no Morro do Dezoito

Felipe Benjamin

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OABRJ atendeu, na terça-feira, dia 15, Gilcélio da Silva, irmão do jardineiro Gilcemir da Silva, baleado na cabeça durante uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ), na madrugada de domingo, dia 13, na comunidade da Matinha, localizada no Morro do Dezoito, no bairro de Piedade, na capital. De acordo com a CDHAJ, até o momento a família do jardineiro não foi contactada pelas autoridades policiais, e aguarda, com receio, os rumos das investigações, uma vez que residem próximo ao local da operação.

O irmão do jardineiro foi atendido pelos procuradores Rodrigo Mondego e Mariana Rodrigues, além das integrantes da comissão Brunella Moraes e Maria Isabel Tancredo. Segundo Gilcélio, policiais do Bope realizaram disparos de fuzil em direção à Rua Silva Braga, onde o jardineiro e seus familiares conversavam em frente a um trailer. Gilcemir foi alvejado ao correr em direção a um beco na tentativa de se abrigar, e morreu na frente da esposa. Após os disparos, os policiais, diz Gilcélio, levaram o cadáver do jardineiro até o Hospital Salgado Filho. O irmão da vítima afirma ainda que nenhum órgão estadual contactou a família, que não recebeu qualquer assistência para o sepultamento de Gilcemir, realizado na segunda-feira, 14.

"Como não houve contato de nenhuma autoridade com a família da vítima até o momento, iremos identificar onde e se algum procedimento ou investigação foi instaurado para acompanhamento e realização das diligências necessárias para identificação do autor do disparo", afirmou Brunella. 

Na segunda-feira, familiares e amigos de Gilcemir fizeram um protesto em Piedade, pedindo justiça. De acordo com o diário "O Dia", moradores afirmaram que não houve qualquer espécie de confronto na localidade e que os policiais já teriam entrado na comunidade disparando contra moradores que estavam na rua. Outro protesto foi realizado na Linha Amarela, na altura do túnel da Covanca, no sentido Barra da Tijuca, e foi dispersado com a chegada da Polícia Militar.

"A falta de planejamento dessas incursões policiais são latentes exatamente pelas consequências do que trazem: mortes de inocentes pelo simples fato de morarem em comunidade", destacou Brunella.

A PMERJ afirma que o Bope tem atuado no Morro do Dezoito, e declarou que uma equipe da unidade teria sido atacada a tiros na região na madrugada de domingo. Segundo a Polícia Militar, foram apreendidos um carregador de pistola, três telefones celulares, um rádio comunicador e R$ 600 em espécie.

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