06/06/2023 - 16:20 | última atualização em 06/06/2023 - 17:52

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OABRJ sedia lançamento da Cartilha dos Povos de Terreiro

Evento contou com a presença de importantes lideranças religiosas e representantes do Legislativo

Felipe Benjamin



Realizado pela Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil (Cevenb) da OABRJ, o lançamento da Cartilha dos Povos de Terreiros - elaborada pela Mãe Márcia d'Oxum, Ialorixá do terreiro Egbé Ilè Iyá Omidayê Àṣe Obalayó - reuniu diversos nomes no Salão Nobre Antonio Modesto da Silveira, na sede da Seccional, para discutir o cenário enfrentado pelos praticantes de religiões de matriz africana.

"Sou filha de Oxóssi e tenho muita alegria em participar de um evento sobre uma tradição e uma religião tão importantes para o nosso país", afirmou a vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio, em seu discurso inicial.



"Esta é a casa da cidadania e da absoluta tolerância religiosa, uma questão civilizatória que nossa Constituição abraça. O conhecimento é o instrumento de mudança e de evolução, e essa cartilha traz informações relevantíssimas sobre os direitos conferidos pelo legislador a vários segmentos, e aqui a OABRJ inicia um movimento de esclarecimento. Essa contribuição à tolerância religiosa é uma contribuição à evolução e ao respeito às religiões como um todo".




Compuseram a mesa ao lado de Basilio, o secretário-geral da OABRJ, Álvaro Quintão; o tesoureiro da Seccional, Marcello Oliveira; a secretária-adjunta da OABRJ, Mônica Alexandre; o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e presidente dos Comitês de Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação, Wagner Cinelli; o presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da OABRJ, Arnon Velmovitsky, e o secretário-adjunto da Cevenb, Wagner Oliveira. Comandaram o evento o presidente da Cevenb, Humberto Adami, e sua vice, Alessandra Santos. 

"Fico muito feliz em ver hoje a publicação desta cartilha", afirmou Quintão. "Estive há pouco tempo em São Gonçalo e tive acesso a essa publicação que precisava ser atualizada, ampliada e mais divulgada. Eventos como esse são muito importantes para nós da Ordem que sofremos ao ver assuntos como esse tão negligenciados. Nós sabemos como foi difícil conseguir que esta casa tivesse 30% de negros e negras em sua composição. Essa cartilha terá, sem dúvida, um lugar muito especial em nossas vidas".

Tesoureiro da Seccional, Marcello Oliveira saudou a presença de representantes das religiões de matriz africana no evento. 

"É uma alegria estar nesse auditório repleto de lideranças religiosas que enfrentaram ao longo das últimas décadas e séculos toda carga de opressão do nosso Estado brasileiro que, apesar da liberdade religiosa constar na Constituição, trata determinadas manifestações religiosas de uma forma menos nobre do que outras tradições", afirmou Marcello.

"Nosso povo é formado por todas elas e especialmente pelas manifestações religiosas de matriz africana. Isso está no DNA do Brasil e essa luta vem de muito tempo. Essa cartilha é essencial para que o conhecimento seja transmitido adiante, fortalecendo o movimento".

Primeira mulher negra a fazer parte da Diretoria da OABRJ, Monica Alexandre relembrou o lançamento  da obra "Trazendo Carolina Maria de Jesus para o Direito", no mês passado. 


"Foram necessários 92 anos até que a OABRJ reconhecesse a presença de nós, negros, em sua diretoria, e isso só foi possível graças à luta de nomes como Humberto Adami e da participação de diversos movimentos e das comissões temáticas da Ordem", afirmou Mônica.



"É um orgulho muito grande estar aqui, assim como foi um orgulho lançar, duas semanas atrás, o livro que idealizei. A história de Carolina Maria de Jesus está dentro de todas nós, e conseguimos reunir 18 advogadas negras que abordaram temas como moradia, direitos humanos e direito ambiental".

Antes da formação da segunda mesa, os procuradores do Ministério Público Federal Júlio Araújo e Jaime Mitropoulos também fizeram discursos sobre o tema. A segunda mesa contou com o babalawo Ivanir do Santos; o presidente da Fundação Palmares, João Jorge; o coordenador Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Cepir), Yago Feitosa da Paschoa; a diretora-geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Ana Cristina Carvalho da Silva Santo; a coordenadora do Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), Sinara Rubia Ferreira, e o diretor do Departamento do Patrimônio Imaterial do Inepac, Leon Araújo.

A militante candomblecista Arethuza de Oyá realizou a mediação do evento que contou ainda com apresentações do ogã Cotoquinho e do grupo Filhas de Gandhi.

A terceira mesa contou com a participação de sacerdotes e líderes religiosos. Compuseram a formação ao lado de Mãe Márcia, as ialorixás Mãe Vanda de Omolu e Roberta de Yemanjá, e os babalorixás Márcio de Jagum, Tata Luazemi Roberto Braga, e Adailton Moreira.

A quarta e última mesa contou com a presença do deputado estadual Josemar (PSOL-RJ); a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), e a carnavalesca Maria Augusta. O influenciador digital Rafael Dias encerrou o evento falando sobre a necessidade de criar canais de comunicação para os povos de terreiro.

É possível assistir à íntegra do evento no canal da OABRJ no YouTube.

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