01/08/2023 - 19:09 | última atualização em 03/08/2023 - 12:41

COMPARTILHE

Ouvidoria da Mulher da OABRJ promove Curso de Capacitação para Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência na sede da Seccional

Workshop gratuito forma profissionais para oferecer atendimento mais acolhedor

Biah Santiago





A Ouvidoria da Mulher da OABRJ promoveu, na tarde desta terça-feira, dia 1º de agosto, na sede da Seccional, nova edição do Curso de Capacitação para Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência. O projeto tem como base a cartilha desenvolvida pelo grupo, composta por artigos sobre violência de gênero, com recortes raciais e sociais, que trata de questões como relacionamentos abusivos, assédio moral e sexual e prerrogativas da mulher advogada. 


“A proposta do curso, bem como da cartilha, é voltada para o acolhimento e para o repasse de informações corretas a estas mulheres em seu primeiro atendimento. O curso não é feito apenas para a advocacia, é também para psicólogas, assistentes sociais e todas as pessoas que fazem esse primeiro contato com as vítimas. É importante que a gente saiba identificar os tipos de violência sofridas por aquelas mulheres”, declarou a ouvidora da Mulher da OABRJ, Andrea Tinoco, na abertura do encontro.



“Este trabalho não é fácil, emocional e psicologicamente. Infelizmente, a sociedade e até mesmo algumas instituições ainda não entenderam a importância de ter um órgão capacitado para atender às demandas da mulher que sofre violência”.

Completaram a mesa ao lado de Andrea a ouvidora-adjunta da Mulher da Seccional, Flavia Oliveira; o ouvidor-geral da OABRJ, Carlos Henrique de Carvalho; a psicóloga do Centro Integrado de Atendimento à Mulher Márcia Lyra (Ciam) Cristina Fernandes; a coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), Matilde Alonso; a procuradora da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da Ordem, Mariana Rodrigues; e a doula Gisele Muniz. 

As palestras tiveram como mote as principais causas e tipos de violência contra a mulher. Os temas versaram, por exemplo, sobre formas de acolhimento e redes de atendimento; as últimas alterações na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006); a legislação de proteção; as modificações no Código de Ética da OAB; violência psicológica, gênero e obstétrica; os benefícios sociais da Caixa de Assistência da Advocacia do Rio de Janeiro (Caarj) para uso da mulher advogada e outros assuntos tocantes à pauta.

“Por conta da nossa cultura, os casos, majoritariamente, são de violência doméstica, mas o nosso escopo vai para além disso. Nós somos os responsáveis também pela prevenção e precisamos ficar atentas nesse cuidado primário e secundário”, considerou a psicóloga do Ciam Cristina Fernandes.

“O primeiro atendimento é sempre 'uma caixinha de surpresas', pois temos que lidar com a situação trazida pela mulher dentro da estrutura do serviço. Então, essa primeira escuta é fundamental para estabelecer um vínculo de confiança com a vítima, entendendo suas emoções e sem julgamentos”. 

A ouvidora-adjunta da Mulher, Flavia Oliveira ressaltou os altos índices de violência em todo país e as possíveis razões para os dados serem alarmantes.

“No Brasil, acontecem mais de 35 situações de violência doméstica contra a mulher por minuto”, disse Flavia. “Um dos principais fatores para o não rompimento do ciclo de um relacionamento abusivo é, além da dependência emocional, a financeira. Essas mulheres precisam retornar ao mercado de trabalho, e nós temos a possibilidade de mostrá-las ferramentas para auxiliar a saída delas desse ciclo de violência”.



O curso contou, também, com as exposições da diretora de Convênios da Caarj e conselheira seccional, Fernanda Mata; da subcorregedora da OABRJ, Isabelle Faria; da professora do Direito e ouvidora-adjunta da Mulher, Danielle Mota; da presidente da Comissão de Direito da Mulher do Ibrapej, ouvidora-adjunta da Mulher e professora de Processo Penal, Fabiana Marques; e da presidente do Colégio Nacional de Ouvidores Judiciais das Mulheres (Cojum) e primeira ouvidora da Mulher do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Tania Reckziegel, que participou virtualmente. 

Para o ouvidor-geral da OABRJ, o debate sobre a determinação do Conselho Federal da OAB em instalar ouvidorias para abarcar as demandas da mulher em todas as seccionais foi "um importante passo para garantir a proteção da mulher".

"Ver este Plenário cheio de profissionais demonstra a importância de cuidar da violência contra a mulher em todas as vias possíveis. Com a pandemia o problema se intensificou e os dados comprovam esse fato", ponderou Carlos Henrique de Carvalho. 


"A ideia de estabelecer uma Ouvidoria própria para atender às mulheres vítimas foi, justamente, para fazer um atendimento humanizado com o olhar feminino para lidar com essa prática injustificável em nossa sociedade".



Uma das inscritas no curso, a advogada Laura Ignacio, representante no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) em Paraíba do Sul, município no interior do estado, acredita que a iniciativa amplia a discussão do tema e torna o acesso ao conteúdo mais acessível para os profissionais.

“Tomei conhecimento da capacitação da Ouvidoria da Mulher através das redes sociais da OABRJ, me interessei e logo fiz a inscrição. Acredito que é muito importante participar, principalmente por ser um curso gratuito, o que possibilita que profissionais de várias regiões participem com o aval de ser um curso oferecido pela Ordem. É importante o atendimento direcionado, é o que nos possibilita atender cada vez melhor as vítimas de violência doméstica. Agradeço a iniciativa da OABRJ de proporcionar isso para todas as colegas e para as outras profissionais”.

Saiba como encontrar a Ouvidoria da Mulher da Seccional



Em junho deste ano, a Ouvidoria da Mulher disponibilizou um novo canal de atendimento para receber denúncias e demandas. Trata-se de um número de WhatsApp - (21) 99753-9037 -, pelo qual os pedidos de auxílio devem ser feitos apenas via texto, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.

Além deste canal, é possível entrar em contato com o órgão da Seccional pelo formulário do Fale com a OABRJ, localizado no topo da página do Portal da Ordem.

Abrir WhatsApp