21/06/2008 - 16:06

COMPARTILHE

Parentes de vítimas da Providência devem entrar em programa de proteção

Parentes de vítimas da Providência devem entrar em programa de proteção

 

 

Do jornal O Globo

 

21/06/2008 - O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, anunciou ontem, após ouvir moradores do Morro da Providência, além de autoridades do Exército e da Polícia Civil que investigam o seqüestro e a morte de três jovens, que vai propor três medidas de emergência ao governo. A que terá prioridade será acionar o Programa de Proteção a Testemunhas, para zelar pela integridade de duas mães dos rapazes assassinados há uma semana, que estão sendo ameaçadas de morte. Além disso, o ministro buscará atendimento psicológico para parentes das vítimas, especialmente os irmãos dos assassinados por traficantes do Morro da Mineira. A terceira medida será uma nova tomada de depoimentos, para acabar com divergências entre as versões dos militares e dos moradores.

 

"Inicialmente, vamos dar proteção a duas mães, que a solicitaram. Seus filhos e parentes também estão sendo ameaçados de morte. Isso não aparece nos relatos do inquérito da delegacia. O segundo ponto é a necessidade de um suporte psicológico para crianças pequenas, irmãs dos jovens", informou o ministro.

 

Na audiência com moradores, o ministro ouviu da mãe de uma das vítimas: "Nossos filhos estão muito traumatizados, chegam a ficar revoltados com o caso. Agora, o mais importante é cuidar deles e da nossa paz na favela", pediu Lílian Gonzaga.

 

Presente à entrevista coletiva, no auditório da Universidade Candido Mendes, no Centro, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio, Wadih Damous, disse desconfiar do Programa de Proteção a Testemunhas.

 

 

Versões de militares e de moradores são conflitantes

 

Damous afirmou que o Exército vai proteger o pai de um militar preso que foi ameaçado. "As próprias autoridades policiais reconhecem que o Programa de Proteção a Testemunhas não protege. O pai de um dos militares acusados está sendo ameaçado também. O Exército vai protegê-lo por um período de tempo regulamentar. Já comuniquei à Secretaria de Segurança a necessidade de proteger esse pai".

 

O ministro, que integra a comissão especial formada para acompanhar o caso, constatou divergências nos depoimentos dos militares e das mães das vítimas. "Ouvindo relatos de autoridades, militares e policiais civis, constatamos que eles não se encaixam. A comissão especial constituída tem a incumbência de voltar a ouvir, agora com detalhes, cada um dos depoentes e comparar os depoimentos com as peças dos dois inquéritos", disse. "No morro, moradores disseram: 'não queremos trocar seis por meia dúzia'. Não querem a PM lá".

 

Vannuchi estava acompanhado de outros membros da comissão, como o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, a procuradora-geral dos Direitos do Cidadão, Gilda Pereira de Carvalho, e o ouvidor da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Fermino Fechio. A professora de direito constitucional Flávia Piovesan, também da comissão, não estava presente.

 

Cezar Britto disse que o "estado paralelo" deu mostra de que "está vencendo a batalha": "Temos uma conivência direta do estado com o estado paralelo do crime. Quando setores do Exército entregam cidadãos para serem executados pelo crime organizado, a conivência está formada. Significa que o estado paralelo venceu a batalha. E, por isso, a resposta tem que ser imediata".

 

Abrir WhatsApp