Planalto tenta empurrar instalação da CPI da Petrobras para agosto Do jornal O Globo 11/06/2009 - O governo adiou ontem pela terceira vez a instalação da CPI da Petrobras, ao negar quórum para a reunião. O Planalto e seus aliados planejam empurrar para agosto o início das investigações. Até lá, pretendem travar uma batalha regimental e jurídica com a oposição para reaver a relatoria da CPI das ONGs. A expectativa do governo é que até agosto a CPI da Petrobras possa ser esvaziada pela falta de novas denúncias consistentes e pelo recesso parlamentar de julho. "É, parece que a instalação da CPI da Petrobras vai demorar um pouquinho... Deve sair em agosto, junto com a reforma política", afirmou, em tom irônico, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP), fiel aliado do líder do PMDB, Renan Calheiros, e de José Sarney. Para instalar a CPI, os governistas cobram o direito de permanecer com a relatoria da CPI das ONGs. Numa ação da base, o senador Inácio Arruda (PCdoBCE), que era relator da CPI das ONGs, se inscreveu como titular da CPI da Petrobras, perdendo função na outra investigação. A oposição aproveitou o cochilo, e o presidente da CPI, Heráclito Fortes (DEM-PI) nomeou o tucano Arthur Virgílio (AM) para o cargo. A batalha jurídica será comandada por Romero Jucá (PMDB-RR), que já na próxima semana deverá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra a decisão de Heráclito. A briga poderá ser levada para o plenário e até ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia dos governistas é definir que a CPI deve se submeter, durante o processo democrático, às decisões da maioria. Se a oposição continuar resistindo em devolver a relatoria da CPI das ONGs, o governo dará prosseguimento à estratégia de adiar a instalação da CPI da Petrobras para o segundo semestre. "O governo não tem pressa nem angústia com a CPI da Petrobras. Está nas mãos da oposição. Se tem acordo em relação à CPI das ONGs, vou exigir que se cumpra. Aceito qualquer jogo com a oposição. Mas a regra tem que valer", disse Jucá. "Vai ser um impasse muito longo", previu Renan numa conversa reservada. A pacificação da base no Senado foi possível com a articulação discreta do presidente Lula. Já está praticamente definido que, quando for instalada a CPI da Petrobras, o relator será Jucá. Para a presidência da comissão, o nome mais forte é do senador João Pedro (PT-AM). Após vetar o nome de Jucá por quase duas semanas, Renan avaliou que era preciso uma recomposição. A paz começou a ser selada terça-feira, em almoço entre Renan e Jucá. Lula evitou falar com Renan esta semana, mas enviou recados. Ontem, ele esteve com Lula para os acertos finais da estratégia. A oposição tentou marcar posição na sessão que deveria instalar a CPI. Ao contrário da semana passada, quando se atrasaram, e o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) cancelou a reunião alegando falta de quórum, seis oposicionistas chegaram na hora, mas só três eram titulares: Sérgio Guerra (PSDB-PE), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). "Podem tentar nos impedir de investigar, mas não vão nos cala", avisou Guerra. Duque registrou a falta de quorum, sem anunciar nova data para a reunião.