O Plenário Carlos Maurício Martins Rodrigues, na sede da OABRJ, foi palco no fim da tarde da quarta-feira, dia 21, do evento "Políticas públicas para a população LGBTI+ no Rio de Janeiro", no qual o presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Seccional, Henrique Rabello de Carvalho, recebeu o Prêmio Cidadania, Direito e Respeito à Diversidade, concedido pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) como reconhecimento de personalidades, entidades, autoridades políticas e ações culturais, da iniciativa pública ou privada, que contribuíram para o avanço dos direitos humanos da população LGBT+. "Eu não sei muito o que fazer porque fico constrangido ao receber homenagens, mas agradeço imensamente", afirmou Henrique ao receber o prêmio. "Esse prêmio é nosso, é fruto de um trabalho constante. Quando era um jovem, certa vez liguei a TV e vi Cláudio Nascimento dizendo 'Estou lutando aqui pelo nosso direito de existir'. Aquilo foi algo que teve enorme impacto sobre mim, que lidava com o fato de minha família não aceitar o fato de que eu era gay, com familiares chegando a dizer que preferiam que eu estivesse morto. Talvez eu não estivesse aqui sem o trabalho de todos aqueles que vieram antes na luta por direitos. Por isso é cada vez mais necessário esse desencastelamento das instituições, com comissões em todas as regiões para que esse enorme papel de representatividade que muitas vezes nós nem sabemos que temos, não seja perdido". Henrique recebeu o prêmio das mãos da deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ) e da presidente do Conselho de Direitos da População de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (CELGBTI), Maria Eduarda Aguiar, que compuseram a mesa juntamente com o presidente do Grupo Arco Íris e diretor da Aliança Nacional LGBTI+, Cláudio Nascimento; a roteirista Dani Balbi, e a presidente da Caixa de Assistência da Advocacia do Estado do Rio de Janeiro (Caarj), Marisa Gaudio."É muito bom ter pessoas como o Henrique - sérias, engajadas e de bom coração - à frente das comissões", afirmou Marisa. "Embora eu seja uma mulher branca, cis e heterosexual, eu digo com toda a creteza do meu coração que o Henrique me representa. Ele me representa porque eu entendo que se nós, de uma posição de privilégio, não tivermos o olhar para as questões de outros grupos, nós nunca entenderemos sua luta e não poderemos atuar como aliados. A primeira comissão da qual fiz parte nessa casa foi a Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero, que na época ainda se chamava Comissão de Direito Homoafetivo, e tenho muito orgulho desse trabalho. Se hoje temos um presidente de subseção assumidamente gay, mesmo com toda a dificuldade de criar comissões sobre o tema em várias cidades, é porque esse trabalho já vem de muito tempo. É por isso que temos que levar o trabalho do Henrique e a pauta da diversidade sexual para o estado inteiro, dando também um olhar específico para esse tema na Caarj". Henrique destacou os esforços de ativistas na luta pelos direitos da população LGBT+ e destacou, apesar dos progressos obtidos ao longo dos anos, o cenário de ameaças que ainda persiste."Quantas e quantos de nós fomos humilhados e humilhadas pela Constituinte de 1988?", questionou o presidente da comissão. "Quantos e quantas não foram perseguidos, presos e silenciados durante toda a História deste país, o país que mais mata pessoas LGBT+ no mundo? Quantos de nós não lidaram constantemente com ameaças de morte por seu trabalho na defesa de nossos direitos? Esse prêmio é mais um esforço de luta e reconhecimento a todas as pessoas LGBTI+. Nossa história é, inevitavelmente, uma história de superação e sobrevivência e nós a transformaremos em arte, cultura e educação. Nós não desistiremos e não seremos calados".