04/03/2020 - 17:18 | última atualização em 05/03/2020 - 10:51

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Próximo ao Dia Internacional da Mulher, OABRJ promove seminário para discutir desafios encontrados pelas advogadas

Ivone Caetano, uma das convidadas, falou sobre as dificuldades ainda maiores enfrentadas pelas colegas negras

Matheus Domingues

A OABRJ, por meio da Comissão Especial de Apoio à Advocacia Empreendedora, promoveu, nesta terça-feira, dia 3, o seminário 'Superando os desafios das mulheres advogadas no mercado jurídico', na sede da Seccional. Realizado cinco dias antes do Dia Internacional da Mulher, o evento buscou refletir sobre as barreiras impostas pelo gênero na sociedade e na advocacia.

A vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basílio, compôs a mesa e falou da importância de promover discussões que tratem sobre a disparidade de direitos e acessos entre os gêneros.

“Eu acho muito importante este tipo de evento, de debate e de reflexão, para nós pensarmos como nós podemos contribuir para alterar essa realidade”.

Basílio também defendeu a importância da união feminina para reverter o cenário de baixa representatividade em espaços como o Poder Legislativo e a própria Ordem.

“Eu sou perfeitamente favorável a criar cotas de gênero, uma maneira de minimizar as discrepâncias que tiram um retrato da sociedade de dentro da representação. Mas eu pergunto a vocês: se nós temos 50% dos votos, por que nós não pensamos em prestigiar uma mulher? Se nós não prestigiarmos, nós vamos alimentar o mal do qual somos vítimas”, ressaltou a vice-presidente.

O evento foi aberto pela presidente da comissão, Ana Frazão, que falou sobre a importância do respeito à mulher e à jovem advocacia. "Nosso valor não pode ser mensurado pela idade, mas pelo respeito e pela honra no trato aos iguais. Pela legitimidade, moralidade, senso de justiça e força do nosso trabalho. Os tolos supõem que somos inferiories por sermos jovens ou por sermos mulheres. É por isso que em 8 de março comemoraremos mais uma vez o Dia Internacional da Mulher. Somos valorosas e corajosas", enfatizou, destacando que a OAB é de toda a advocacia.

Dentre as discussões propostas pela mesa, destaca-se a que tratou sobre a presença de mulheres negras no mercado jurídico, tendo em vista que as dificuldades e preconceitos encontrados por elas são ainda maiores. Quem tratou sobre a questão foi a primeira desembargadora negra do estado e segunda do país, Ivone Caetano.

“ A mulher (branca) é vista como mulher, mas a negra não. As mulheres negras, além de sofrer todo o machismo que vigora nesse país, ela ainda enfrente o racismo. Recaindo-lhe vários marcadores”, disse a jurista.

Segundo Ivone, o judiciário e o Ministério Público são instituições onde o racismo ocorre de forma velada.

“É impressionante. Não é uma coisa às claras, ao contrário, é tudo invisibilizado. Tudo com muita classe, mas cruel. Sem sombra de dúvidas o Judiciário é uma das instituições mais racistas. E também o Ministério Público. Por isso se contextualiza quando vemos a situação da mulher negra dentro do Judiciário, enfrentando o racismo estrutural, institucional e social perpetuado. ”, ressaltou.

Também ministraram o encontro a advogada e coordenadora da Jovem Advocacia da Diretoria de Valorização da Advocacia, Joyce Breves, a presidente da OAB Jovem da Subseção de Madureira/Jacarepaguá, Viviane França, e a vice-presidente da Comissão OAB Mulher da Seccional, Flávia Ribeiro.

É possível assistir à íntegra do evento pelo Canal da OABRJ no YouTube.

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