14/05/2019 - 10:06 | última atualização em 14/05/2019 - 13:25

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Relatos de dependência química emocionam em evento na Ordem

redação da Tribuna do Advogado

              Foto: Luciana Botelho  |   Clique para ampliar
 
Daniela Reis
Na noite de ontem, dia 13, a Ordem sediou a segunda edição do evento A vez e a voz do dependente químico. Organizado pela Comissão de Políticas sobre Drogas (CPDR), o encontro reuniu palestrantes que sofreram os duros efeitos da dependência química. Os depoimentos em tom emocionado comoveram a público. O presidente da CPDR, Wanderley Rebello de Oliveira, destacou a importância de atacar o vício em drogas, que vem aumentando de modo alarmante nos últimos anos.
 
Luciana Lage foi a primeira a compartilhar a sua história. Após anos de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, constata que a dependência ainda é vista por muitos como uma questão moral e refuta essa abordagem, pois se trata de uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Não existe ex-dependente químico, mas sim estagnação”, pontuou. Lage ressaltou como usuários nunca acreditam que vão atingir o quadro crônico e acrescentou: "você muda né e muda pra pior. Nunca vi alguém melhorar com o álcool. Felizmente eu encontrei o caminho da recuperação".
 
Rodrigo Santos, que tocou por 26 anos na banda Barão Vermelho e hoje segue carreira solo, revela que demorou a reconhecer a gravidade de sua situação.“O envolvimento com grupos de mútua ajuda precisa acontecer. Se você não consegue se ver, precisa enxergar o problema no outro”. Abstinente há 14 anos, relata que demorou muito tempo pra se sentir seguro o bastante para cantar Por que a gente é assim?, famosa música da banda que trata do consumo de álcool. "Eu não trocaria um dia de loucura por um dia sóbrio. Via a vida", finalizou.
 
Na sequência, foi a vez de Leo Mota dividir a sua trajetória de vida. Autor do livro Há vida depois das marquises, esgotado em distintas livrarias, Mota chegou a ser morador de rua por conta do vício em drogas. "Escrevi o livro pra pedir respeito, reescrever a minha história e sinalizar que há saída". Logo depois, o escritor e humorista do SBT Duca Pantaleão conseguiu tanto sensibilizar a plateia quanto arrancar risos dos presentes.
 
Por fim, Roberto Monteiro, que participa de um projeto comunitário da Associação Nacional e Internacional de Imprensa (ANI) que atende muitos jovens dependentes (ANI nas ruas), encerrou as palestras com fala contundente. "Tudo que recebi da vida eu dou em troca. A vida é mão e contramão".
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