21/11/2022 - 17:57 | última atualização em 21/11/2022 - 18:30

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Reparação da escravidão e os direitos da população negra junto ao continente africano pautam evento da Cevenb

Biah Santiago

Aproveitando o gancho do Dia da Consciência Negra, a Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil (Cevenb) da OABRJ promoveu, nesta segunda-feira, dia 21, um evento no Plenário Evandro Lins e Silva para abordar a reparação da escravidão e o direito da população negra voltar ao continente africano. É possível assistir ao encontro na íntegra no canal da Seccional no YouTube.

No início do evento, o presidente do grupo, Humberto Adami, ressaltou que a comissão tem como dever resgatar a história e a memória negra, que, segundo ele, foram apagadas durante a construção social do país.

“Estamos em uma série de comemorações por conta do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra no Brasil. Este evento faz parte de um eixo temático para tratar dos temas relevantes referentes à população negra, para buscar uma aproximação com a África e, juntos, reparar a nossa história”, disse Adami.

“Resgatar a dívida histórica com os negros é a pauta mais importante do país. O nosso papel é mergulhar no passado e retirar de lá heróis, prédios, lendas e histórias dos africanos escravizados, dos nossos antepassados que construíram esse país e foram apagados da história brasileira”.

Estiveram à mesa ao lado de Adami a vice-presidente da comissão e suplente da Caixa de Assistência da Advocacia do Rio de Janeiro (Caarj), Alessandra Santos; o secretário-adjunto da Cevenb, Wagner Oliveira; a historiadora Carolina Morais e a professora Margot Ramalhete. 

Além da palestra que dá nome ao evento - reparação do período escravocrata e direito de voltar ao continente africano - outro tema também discutido: educação e práticas antirracistas - de volta à África. Em meio às exposições dos palestrantes, nomes de ancestrais que compõem a história negra no Brasil, tal como Luiz Gama, Esperança Garcia e Mariana Crioula, foram mencionados.

As exposições ficaram a cargo do 1º secretário da embaixada nigeriana, Sunday Edmund; do embaixador cultural da majestade imperial Ooni de Ifé da Nigéria, Ajoyemi Osunleye; da advogada Marinete Silva, mãe de Marielle Franco; e das professoras Janete Ribeiro, Suzete Guerreira, Jaqueline Gomes e Valéria Assis. 

“É uma honra fazer parte da discussão sobre os problemas que afetam as pessoas negras, e este evento acontece em um momento certo e necessário. Uma oportunidade de contarmos nossas histórias da maneira como ela é, e não apenas ouvir outras pessoas falando por nós”, declarou o embaixador, Sunday Edmund. 

“Na verdade, a população negra não está em um lugar de privilégio econômico no Brasil, e isso precisa ser corrigido. Em outras palavras, a nossa atenção precisa estar direcionada à qualidade de educação oferecida às pessoas negras neste país e no empreendedorismo para definir as capacidades econômicas. Pela embaixada, continuaremos essa interlocução pela melhoria da população negra no Brasil, pensando em programas que possam instaurar nossa presença nos espaços”, disse.

O encontro contou também com exibição de curtas-metragens sobre a luta da população negra na atualidade. Entre eles, o vídeo "Corpos Negros como alvo: afetividade, saúde e violências - 21 dias de ativismo", produzido pelo canal Cutne com a participação de alunos de escolas públicas do Rio de Janeiro. A obra aborda a morte de Cláudia Ferreira, vítima de operação da Polícia Militar na Zona Norte do Rio de Janeiro em 2014.

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