10/08/2023 - 16:34 | última atualização em 10/08/2023 - 16:41

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Na Seccional, 1ª jornada jurídica aborda impacto de novas tecnologias na advocacia

Evento recebe nomes do setor jurídico e empresarial

Yan Ney



A Comissão de Direito à Educação da OABRJ promoveu, nesta quinta-feira, dia 10, a 1ª jornada jurídica com objetivo de trazer debates interdisciplinares para o Direito, como as áreas de marketing, tecnologia, comercial e financeiro. O evento contou com a presença de grandes nomes do setor jurídico e empresarial e mediação da CEO da Future Law e doutoranda pela USP, Tayná Carneiro.


“Os temas que a gente discute sobre inovação precisam ganhar ainda mais projeção. Precisamos alcançar, conhecer, compartilhar, desenvolver e produzir conhecimento, de forma coletiva e ainda mais acessível. Acreditamos que um espaço como esse nos possibilita tal objetivo”, garantiu.



Gerente jurídico sênior do Grupo Globo, Rafael Soriano abriu seu painel destacando a importância da multidisciplinaridade para garantir clientes e a manutenção da qualidade de trabalho.

“O conselho que eu dou é o seguinte: advogado, tenha uma conversa com seu cliente para entender a situação e pensar em como melhorar seu atendimento. Quando a gente fala das possibilidades da carreira jurídica com o avanço das tecnologias, são enormes! Você percebe, por exemplo, que precisa ter um designer no seu time, ou uma empresa que entenda de visual law no seu escritório, te apoiando para entregar algo diferente. Isso pode fazer com que seu cliente siga te contratando ou te mantenha no portfólio dele”, apontou.

Completando a mesa sobre a comunicação jurídica e o poder das ferramentas, o co-CEO da Quark Legal Design, Fellipe Branco, usou elementos visuais para explicar o valor do design para a advocacia. “O visual law tá muito centrado no design da informação. A gente melhora a legibilidade do documento ou faz ele continuar com a formalidade, mas sem ser difícil, e adapta para o leigo".

No painel seguinte sobre blockchain - compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa - e contratos inteligentes, o professor Rodrigo Rebouças explicou que essa ferramenta não é necessária, mas traz segurança jurídica.

“Que o blockchain traz mais segurança jurídica? Não resta dúvida! Vou ter tudo registrado numa cadeia de blocos, então não vou precisar abrir a informação toda. Eu preservo a privacidade de informações e dados e garanto a segurança jurídica”, explicou.

Mais tarde, ao abordar as oportunidades do Direito Tributário na revolução cripto, a advogada Evelyn Roges salientou que a ideia de tributação inteligente amplia a base de impostos e fomenta o trabalho, uma vez que hoje o Direito Tributário “corre” atrás da arrecadação, como na taxação de softwares. “A gente não pode esperar que para cada situação exista uma lei própria, porque o Direito não vai acompanhar a evolução tecnológica. O que se pode ter é um sistema jurídico seguro, em que você consiga ter uma base para buscar cláusulas gerais e, a partir disso, ter uma interpretação do que está chegando”.

Para falar das 'privacy operations' e a construção de fortalezas digitais em tempos de ciberameaças, o Plenário Evandro Lins e Silva recebeu a legal counsel da Lima=Feigelson, Tatiana Coutinho, e o senior legal da Counsel Locaweb, Rafael Marques. Ambos trataram de ciberameaças a partir de medidas técnicas e administrativas para garantir proteção de dados pessoais. Ao falar de métricas, um dos slides mostrou a seguinte frase: “O que não é medido, não pode ser gerenciado”.

O legal manager da Mondelez, Paulo Samico, e o sênior global legal da Ops Manager Gympass, Guilherme Tocci, abordaram as legal operations, setor de gestão jurídica que pode ser implementada em escritórios de advocacia ou departamentos jurídicos. 

Na última mesa, sobre o futuro da advocacia, a professora Kone Cesário falou do estímulo à inovação na profissão. Para ela, é importante que o ensino jurídico deixe de ser retrógrado. “O advogado precisa sair apenas dos cursos legais e os cursos legais precisam trazer mais advogados para a sala de aula. Precisamos pensar numa formação multidisciplinar”.

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