16/08/2023 - 14:54 | última atualização em 16/08/2023 - 15:05

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Seccional discute aumento do consumo de drogas entre grupos sociais

Dados revelam que uso de substância subiu 26% na década de 2010

Yan Ney



Observando a tendência de aumento do consumo de drogas entre crianças, adolescentes, mulheres e pessoas com deficiência, a OABRJ, por meio de sua Comissão de Políticas sobre Drogas, promoveu evento nesta terça-feira, dia 15, para discutir a temática com representantes do campo jurídico. A abordagem da palestra condiz, em grande parte, ao relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, publicado em 2022, que analisa o consumo de álcool e outros tóxicos por grupos sociais.

Logo na abertura, o presidente do colegiado organizador, Wanderley Rebello Filho, disse que a pandemia teve um papel fundamental no crescimento das estatísticas.


"Cada vez mais, a gente pensa que a coisa pode melhorar, mas aparentemente só piora. É o caso do abuso de álcool e outras drogas. Tenho escutado muito, lido sobre o assunto. Pelas estatísticas, as mulheres estão consumindo mais drogas do que os homens, principalmente depois da pandemia. Então eu pensei em um evento com a participação das comissões que tratam desses temas na OABRJ", explicou Wanderley.



No referido relatório, embora as mulheres permaneçam como a minoria dos usuários de drogas em todo o mundo, em torno de 45%, tendem a aumentar sua taxa de consumo de drogas e a progredir mais rapidamente do que os homens em relação aos transtornos associados ao uso de drogas - em grande parte pela reação metabólica, que age mais rápido em mulheres que em homens.

O diretor da Pessoa com Deficiência, Geraldo Nogueira, conta da honra de levantar esta temática, uma vez que este segmento da sociedade não recebe a devida atenção. "Nos honra levar o tema das pessoas com deficiência de uma forma geral e também ligada a essa questão do uso abusivo de álcool e drogas, porque o segmento de pessoas com deficiência ainda é muito invisível dentro da sociedade brasileira. É muito oportuno quando a gente encontra pessoas para falar para o seu público”.

Integrante da Diretoria da Pessoa com Deficiência da OABRJ, Tathyane Ferreira Hofke analisou a relação do álcool com doenças psicológicas durante a crise sanitária da Covid-19.

“No cenário brasileiro, as pessoas ficaram isoladas e o serviço que funcionava era o de delivery de bebidas, por exemplo. Muitas pessoas morreram de Covid-19, mas muitas outras adoeceram emocionalmente com a questão da pandemia”, afirmou.

Tathyane ainda falou da violência doméstica decorrente do uso abusivo de álcool e das lições de moral por terceiros quando o usuário de drogas se percebe doente.

“Todo mundo tá ali incentivando ‘vamos tomar um chopinho!’ Quando sai do controle começam a procurar culpados. Falam que a pessoa não para de beber porque é fraca, porque não tem força de vontade e que não quer saber de ninguém”, completa.



A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, de 2019, concluiu que 63,3% dos jovens entre 13 e 17 anos já experimentaram bebida alcoólica. Desses, metade revelou que teve episódios de embriaguez. Mais de um terço dos escolares experimentou ao menos uma dose antes dos 14 anos. No âmbito do cigarro, cerca de 22,6% desse grupo já tinha experimentado e mais de 10% antes dos 14 anos.

Colaborador da Diretoria da Pessoa com Deficiência da OABRJ, Filipe de Mattos Assunção apresentou uma pesquisa autoral sobre uso de álcool e drogas. O levantamento procurou analisar com que frequência consome, a origem de tal hábito e o gênero dos usuários. 

Depois de cada explanação, a mesa permitiu que os presentes no Plenário Evandro Lins e Silva pudessem compartilhar suas experiências e fizessem perguntas relacionadas ao tema. Houve quem contou sua história no alcoolismo, outros levantaram questões de doenças psicológicas decorrentes do abuso de drogas e o rótulo imposto para esses segmentos sociais. Veja todas as abordagens na transmissão no topo da matéria ou no canal da OABRJ no YouTube.

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