Só 1,3% dos inquéritos policiais chega a uma solução Do jornal O Globo 24/04/2009 - A baixa taxa de elucidação de homicídios é um problema crônico da polícia fluminense. A mais recente pesquisa, realizada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) em 2006, mostrou que apenas 1,3% dos inquéritos pesquisados - em que não tinha havido prisão em flagrante - foi solucionado. Somado ao total de inquéritos com prisão em flagrante, o número subia para modestos 4,1%. O levantamento mostrou que 28% dos procedimentos estavam parados na delegacia e metade deles tinha como testemunhas apenas os policiais militares que foram informar sobre o crime, chamados comunicantes. A falta de um trabalho técnico de perícia bem feito e o número baixo de pessoal são apontados como as causas para o baixa taxa de resolução. Apesar da baixa elucidação, o número de homicídios dolosos vem caindo no estado desde 2007. O número, que já chegou a 8.438 mortos em 1995, foi de 5.717 no ano passado, o menor nível desde o início da série histórica em 1991. Em 2007 foram registradas 6.133 mortes e, no ano anterior, 6.323. Em 2005, tinham sido registrados 6.620 homicídios dolosos. A taxa de homicídios por cem mil habitantes chegou a 35 em 2008, contra 63,4 em 1995 - uma redução de 55% no período. A mesma tendência de queda se verifica nas tipificações em que, em geral, há morte violenta: os encontros de cadáveres e ossadas. Entre 1991 e 2007, os casos foram reduzidos quase à metade. Essas tipificações em queda, no entanto, não são as únicas em que se registram mortes violentas. E nas outras, os números têm revelado crescimentos significativos de registros nos últimos anos. O número de pessoas mortas em confronto com a polícia passou de 1.063, em 2006, para 1.330 em 2007; e para 1.137 em 2008. Em 1999, foram contabilizados 289 casos de mortes em confrontos com policiais. Já os casos de pessoas desaparecidas - em que a própria polícia considera que a maior parte esteja relacionada a mortes violentas em que os criminosos desaparecem com os cadáveres - cresceram. O ano de 2008 teve o maior número de registros da série histórica até hoje: 5.095 desaparecidos. Em 1993, o número era de 2.473 pessoas desaparecidas (o menor da série). Mas, ano a ano, foi sendo verificado um crescimento. Em 2002 o número havia chegado ao pico da série, com 4.961 registros. Em 2006, foram 4.562 registros e, em 2007, o número chegou a 4.633. Os dados são do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Candido Mendes, e do Instituto de Segurança Pública (ISP), da Secretaria de Segurança.