08/05/2009 - 16:06

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STF aceita denúncia contra deputado dono de castelo

STF aceita denúncia contra deputado dono de castelo

 

 

Da Folha de São Paulo

 

08/05/2009 - O deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) passou ontem a ser formalmente processado pela prática do crime de apropriação indébita de contribuições previdenciárias que ultrapassam R$ 1 milhão, incluindo o valor principal, juros e multa sobre a pendência, em valores atualizados até 2005. Pelo Código Penal, a pena para esse crime vai de 2 a 5 anos de prisão, além de multa.

 

Edmar é dono de um castelo avaliado em cerca de R$ 25 milhões e também é investigado no Conselho de Ética da Câmara. Ele apresentou notas fiscais de suas próprias empresas de segurança para justificar gastos com a verba indenizatória, de R$ 15 mil mensais. A suspeita é que os serviços não tenham sido prestados.

 

A decisão de aceitar a denúncia no Supremo -acusação formal apresentada pelo Ministério Público Federal- contra Edmar foi tomada ontem, em julgamento unânime dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), no qual tramitava o inquérito, já que o deputado tem direito de ser investigado e julgado em foro especial.

 

Segundo a acusação, nos períodos de março de 1997 a fevereiro de 1998 e de julho a dezembro deste último ano, a F. Moreira Empresa de Segurança e Vigilância Ltda., que pertencia ao parlamentar, teria se apropriado indevidamente de contribuições previdenciárias recolhidas de seus funcionários - inclusive sobre o pagamento do 13º salário - e não repassadas ao INSS.

 

A Folha não conseguiu falar com o deputado. Recados foram deixados em seu gabinete, mas até a conclusão desta edição ele não ligou de volta.

 

A F. Moreira foi a principal doadora das últimas campanhas do parlamentar e de seu filho, o deputado estadual Leonardo Moreira (DEM-MG). Desde 2002, repassou R$ 800 mil para candidatos.

 

Com capital social de R$ 2,7 milhões, segundo a Junta Comercial de Minas Gerais, a empresa teve a falência decretada em janeiro de 2008.

 

Do inquérito também consta a informação de que são cobrados da F. Moreira R$ 8,2 milhões em outros processos por não recolhimento de impostos.

 

Como defesa, os advogados de Edmar apontaram supostas incorreções nos valores calculados pelo INSS e a tese de que deveria ser desconsiderada a prática de crime, como previsto no Código Penal, porque o acusado teria pago a dívida. Na verdade, ele ingressou no Refis, o programa da Receita Federal para parcelamento dos débitos dos contribuintes.

 

Antes de declarar o seu voto, o ministro Marco Aurélio Mello perguntou sobre a regularidade com que Edmar teria pago ao fisco. Em resposta, ouviu do relator do processo, Carlos Ayres Britto, que o parlamentar fora excluído do Refis por falta de pagamento.

 

Assim, Marco Aurélio acompanhou os demais colegas e encerrou a votação unânime que levou à abertura de ação penal contra Edmar.

 

A investigação que teve o deputado como alvo começou em julho de 2007, a partir de um processo que corria na Justiça Federal de São Paulo.

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