16/12/2008 - 16:06

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Transfusão e doação de sangue centralizam as discussões em seminário da OAB/RJ

Transfusão e doação de sangue pautaram as discussões de seminário organizado pela OAB/RJ


Da redação da Tribuna do Advogado

16/12/2008 - Expor os avanços obtidos em relação às transfusões e doações sanguíneas no País, após vinte anos de promulgação da Constituição Federal, e debater que aspectos dessa questão ainda precisam ser melhorados foram os objetivos da audiência pública sobre A saúde do Sangue no Brasil, promovida pela OAB/RJ, através de sua Comissão de Direitos Humanos, no dia 12 de dezembro.

Entre os temas discutidos, a utilização de novas tecnologias e melhorias na saúde pública foram os de maior destaque. Para Wadih Damous, presidente da Seccional, a participação da sociedade é fundamental para exigir mais qualidade em todo o ciclo do sangue. "Queremos suscitar essa discussão para mobilizar a população e também as autoridades, exigindo mais segurança, a incorporação de novas tecnologias e acesso aos exames", ressaltou.

O desenvolvimento tecnológico no processo de diagnóstico também foi comentado pelos demais palestrantes, que crêem que com a seleção rigorosa dos doadores e a utilização de testes mais sensíveis, ficaria mais fácil e rápido encontrar amostras sanguíneas adequadas ao uso. Uma das inovações que ajudaria nesse processo é o NAT (Teste de Ácido Nucléico), capaz de identificar vírus como HIV e hepatite mais precisamente. Aprovado pelo Ministério da Saúde, o exame já é adotado nas redes suplementar e particular, mas ainda não foi implementado pelo Sistema único de Saúde (SUS). "Para HIV e HCV, o NAT é o teste mais sensível", afirmou Silvano Wendel, presidente da International Society of Blood Tranfusion (ISBT). Em defesa do teste também falou Paulo Tadeu de Almeida, secretário da Associação Brasileira de Bancos de Sangue (ABBS): "O NAT é um teste válido e que deve ser colocado em uso, pois protege mais a população".

Vítimas da falta de minúcia na detecção de doenças engrossaram o coro a favor de testes mais sensíveis e também de informação. Um dos exemplos foi Luiz de Souza P. da Silva, paciente que após inúmeras transfusões sanguíneas contraiu hepatite A e B, que culminaram em uma cirrose hepática. Segundo ele, por desconhecer a existência de um teste como o NAT, só descobriu sua doença quando ela já estava em estágio avançado. "Hoje minha luta é por informação, pela prevenção no país. Eu não quero que as pessoas passem pelo que eu estou passando", declarou.

A deficiente prestação de serviços do SUS traz outros problemas. De acordo com Miriam Ventura, membro da Comissão da OAB/RJ, em razão das dificuldades enfrentadas para agendar exames na rede pública, a doação de sangue é usada pelas pessoas como um caminho alternativo para obter diagnósticos. "As pessoas doam sangue para ver se tem HIV, hepatite etc. É uma estratégia encontrada pela população para entrar no Sistema e ter acesso a esses exames", afirma ela. Vera Lucia Pepe, representante da Escoa de Saúde Pública da Fiocruz, também vê no acesso o principal aspecto a ser melhorado atualmente. "Podemos dizer que obtivemos avanços, e que o desafio hoje é garantir o acesso de qualidade à saúde", analisou.

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