23/07/2019 - 18:15 | última atualização em 24/07/2019 - 13:03

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União entre mulheres e ocupação de espaços políticos pauta evento

Cássia Bittar

A imagem do Plenário Evandro Lins e Silva tão lotado que colegas precisaram assistir o evento pela transmissão ao vivo no telão instalado no auditório ao lado foi simbólica: realizado na manhã desta terça-feira, dia 23, o encontro Elas na política demonstrou o interesse da classe em debater a representatividade feminina nos espaços de poder e na discussão e formulação de pautas públicas.

Organizado pela Comissão OAB Mulher do Rio de Janeiro, pela Comissão Nacional da Mulher Advogada e pela Comissão Especial de Estudo da Reforma Política do Conselho Federal, com apoio da Caarj, o evento contou com a presença de diretores da Ordem da Seccional e de subseções, presidentes de comissões da casa, membros de entidades de classe e um público formado principalmente por mulheres, que, em uma dinâmica proposta já na mesa de abertura pela diretora Mulheres da Seccional e presidente da OAB Mulher, Marisa Gaudio, puderam compreender com um exemplo visual a idéia de sororidade, de aliança feminina pela empatia, presente nas falas iniciais. Marisa sugeriu que todas olhassem umas paras as outras, observassem suas diferenças e alimentassem o respeito mútuo pela trajetória da companheira.

Em seu discurso, a diretora ressaltou que a discussão sobre a ocupação política “não se trata de um capricho”:

“Sabemos que na política as mulheres estão historicamente subrepresentadas. E há assuntos que são muito nossos. Só nós, mulheres, temos como saber nossas reais necessidades. Para termos uma democracia efetiva precisamos de todas as vozes, incluindo das mulheres, das mulheres negras, dos LGBTs”.

Presidente da Comissão da Mulher Advogada do Conselho Federal, Daniela Borges contou que este é o primeiro de uma série de eventos que a OAB Nacional pretende realizar sobre a questão.“O tema mulheres na política é um dos pilares da nossa gestão na comissão. E não é só pela importância da representatividade. Nós somos mais de 50% do eleitorado do Brasil, mas não é apenas isso. É sobre percebermos que com as mulheres presentes nos espaços de decisão poderemos levar nossas visões de mundo, nossas experiências na construção da política, na construção da realidade desse país”, afirmou, frisando: “Não queremos que homens falem por nós. Nós queremos falar por nós”.

As mulheres de pé, na dinâmica proposta por Marisa Gaudio / Foto: Luciana Botelho

Vice-presidente da OAB/RJ, Ana Tereza Basílio elogiou a coragem da Ordem em reconhecer o machismo presente das instituições de poder e no mundo jurídico. Apresentando dados que mostram que o Rio de Janeiro tem o maior colegiado de mulheres inscritas em comparação aos homens no Brasi, ela falou sobre representatividade no sistema OAB: “Já somos 52% dos advogados inscritos no Rio. Esse percentual tem que ser retratado não só na política, mas também na participação na Ordem. Juntas, cada um no seu papel, precisamos ocupar os espaços com nosso trabalho”.

A união da classe também norteou a fala da diretora de Igualdade Racial, Ivone Caetano, que observou: “Ninguém caminha sozinho. No caso das mulheres como sempre houve uma barreira, uma separação social entre as mulheres negras e brancas, os dois lados estão caminhando sozinhos. Mas já que os homens não entendem, nós mulheres temos que entender isso. Enquanto não houver uma união total das mulheres nós continuaremos avançando em curtos passos,  sem o resultado final que e a equidade entre os gêneros”.

Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Rita Cortez contou que a entidade criou um requerimento de criação de uma unidade política de acompanhamento da cota de 30% para mulheres nas eleições proporcionais. Rita explicou que o IAB requereu ao TSE a criação de uma Unidade de Políticas de Gênero com o objetivo de monitorar o cumprimento da aplicação das cotas e ampliar a participação política das mulheres, conforme recomendação feita pela Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Presidente da Seccional, Luciano Bandeira, que abriu a mesa, mas falou por último, após o discurso de todas as diretoras presentes, ressaltou que o evento não era dos homens, mas que era importante a participação deles para saberem o que poderia ser feito em termos de efetivação da participação das mulheres advogadas em mais espaços. “Só venceremos a desigualdade com auditórios lotados como esse, com mulheres fortes unidas, trabalhando por esse objetivo, ocupando cargos não só eletivos mas também construindo a legislação do futuro desse país”.

A mesa de abertura teve também a participação do presidente da Caarj, Ricardo Menezes, e da presidente da OAB Jovem, Amanda Magalhães. Nos debates, estiveram presentes a conselheira federal e presidente da Comissão Especial de Estudo da Reforma Política do Conselho Federal, Luciana Nepomuceno; a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/GO, Ariana Garcia; as deputadas estaduais Tia Ju (PRB) e Marta Rocha (PDT); e as vereadoras Tania Bastos (PRB-RJ) e Gilda Beatriz (MDB-Petrópolis). A vice-presidente e a secretária-geral da OAB Mulher, Rebeca Servaes e Flávia Ribeiro, respectivamente, e as coordenadoras de GTs Adriana Villas-Boas  e Giowana Cambrone foram mediadoras.

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