06/03/2008 - 16:06

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Vila Mimosa recebe a OAB de braços abertos

Vila Mimosa recebe a OAB de braços abertos

 

 

Do Jornal do Brasil

 

06/03/2008 - Hoje, a partir das 18h30, o cotidiano de um dos mais antigos prostíbulos do Rio começará a mudar. Com a instalação de um posto da Ordem dos Advogados do Brasil, as cerca de 1.500 prostitutas que trabalham na Vila Mimosa, perto da Praça da Bandeira, terão assessoria jurídica para lidar com problemas como guarda de filhos, discriminação, violência doméstica e até mesmo falta de documentos.

 

"Perdi a guarda do meu filho quando minha mãe descobriu que eu estava aqui", conta Jane, 23 anos. "Isso acontece muito na Vila".

 

Como a maioria de suas colegas, ela diz detestar vender o corpo. Até tentou se afastar. Trabalhou um ano como atendente de lanchonete em Copacabana, mas o salário de R$ 400 não fazia frente aos R$ 2 mil que afirma ganhar deitando-se por 20 minutos com até 12 homens "bêbados, drogados, fedorentos e violentos" diariamente. Preço: R$ 25.

 

 

Condições melhores

 

Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/Rio, Margarida Pressburger, a chegada da entidade à Vila Mimosa vai contribuir também para melhorar as condições de trabalho no local.

 

"Com mais auto-estima e conhecendo seus direitos de cidadania, elas poderão um dia trabalhar com saneamento, assistência médica", projeta Margarida, que ontem esteve na sede da Associação dos Moradores do Condomínio e Amigos da Vila Mimosa, onde profissionais da OAB darão expediente duas vezes por semana, das 9h às 17h.

 

A assistente social Cleide Almeida, 44 anos e desde os 8 na Vila, diz que grande parte das prostitutas vem de lugares distantes como a Baixada Fluminense e tem histórico de abuso sexual e violência na infância.

 

"Elas precisam muito de orientação, não sabem nem onde fica o fórum. Nenhuma delas gosta do que faz, mas antes de julgá-las é preciso ouvir suas histórias", diz Cleide, membro da associação local.

 

Ex-frentista em Nova Iguaçu, Bárbara, 20, confirma: "Tem homem que se recusa a usar camisinha e acha que, porque paga, pode bater, esculachar. Até o segurança chegar, já apanhamos. A gente não gosta daqui, acostuma".

 

Mario Leopoldo da Comissão OAB Vai à Escola, quer tirar as menores do local. "Vamos dar-lhes uma nova visão sobre Estatuto da Criança e do Adolescente e aborto", prevê.

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