21/12/2017 - 15:26

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Participação feminina e mostra de união, marcas na Conferência Nacional

21/12/2017 - 15:26

Participação feminina e mostra de união, marcas na Conferência Nacional

Em quatro dias, mais de 20 mil colegas participaram de 40 painéis e 55 eventos especiais, com a presença de mais de 250 palestrantes, durante a XXIII Conferência Nacional da Advocacia, encerrada no dia 30 de novembro, em São Paulo (SP). Números que qualificaram o encontro como “o maior evento jurídico do mundo”, nas palavras do presidente do Conselho Federal, Claudio Lamachia.

“Uma conferência memorável e que coloca em prática aquilo que temos procurado verbalizar para todo o país: precisamos de mais encontro e menos confronto”, afirmou, defendendo que a advocacia seja protagonista “na construção de uma nação mais humana e igualitária”, o que, segundo ele, constitui um princípio da Ordem. “Em um momento de tanta divisão, em que vemos a arrogância se sobrepondo à tolerância, nós, advogados, demos uma demonstração muito clara de união e determinação em prol do Brasil e da Constituição. Estou certo de que toda a classe sai fortalecida deste evento cívico que nos possibilitou vivenciar a essência democrática e a liberdade de pensamento que tanto queremos para nosso país”, destacou o líder da advocacia nacional ao encerrar oficialmente a conferência.

Anfitrião do evento, o presidente da Seccional de São Paulo, Marcos da Costa, fez um discurso no mesmo sentido e ressaltou o caráter inclusivo do encontro. “Muitas vezes plantamos sementes de onde surgirão árvores gigantescas, e basicamente foi o que fizemos nos últimos dias. Tenho a convicção de que promovemos uma conferência histórica, especialmente em um momento tão difícil para o Brasil, com instituições democráticas sendo atacadas frequentemente. Cercados por discursos de ódio, plantamos a fraternidade e o amor, tratando de questões fundamentais como o debate sobre a mulher, o negro e a diversidade. Presenciamos ainda a defesa e a valorização da liberdade religiosa como norte e valor supremo de todos nós”, considerou, destacando também a grande participação dos jovens advogados. “Fica a palavra de esperança de que a advocacia, dando o exemplo que deu, possa servir como referência para que nossa nação encontre seu caminho de justiça fraterna e solidária”, completou.

Durante a cerimônia, foi outorgada à ex-presidente da OAB/RS e conselheira federal Cléa Carpi da Rocha a Medalha Rui Barbosa, maior comenda da advocacia nacional. Ela é a primeira advogada a receber a honraria, que tem entre os agraciados nomes como Sobral Pinto, Evandro Lins e Silva e Raymundo Faoro. “Sinto-me profundamente honrada e feliz, como se todas as minhas colegas tivessem recebido esta medalha. Bravas mulheres, nas quais identifico o espírito combativo de Anita Garibaldi e pelas quais temos que indagar: na OAB, estão as advogadas inseridas nos contextos decisórios? Qual é o universo da representação feminina no sistema OAB? Apesar dos esforços, os dados indicam a lentidão do reconhecimento da capacidade das advogadas, que merecem a atenção de todos”, salientou.

Carpi elogiou a determinação de uma cota mínima para mulheres nas eleições internas da Ordem, mas avaliou que outros passos precisam ser dados. “Nos 87 anos de existência da OAB, em apenas três oportunidades tivemos mulheres na diretoria do Conselho Federal. Somente dez advogadas foram eleitas  presidentes de seccionais e, atualmente, apenas uma exerce este cargo. Por sua vez, no Conselho Federal, apenas nove mulheres são titulares. A evolução tem sido lenta, mas estamos a caminho. É uma marcha coletiva e de todos, advogadas e advogados”, disse.

Em seguida, foram homenageados em memória os patronos nacional e local da conferência, respectivamente Raymundo Faoro e Waldir Trancoso Peres. Faoro foi presidente do Conselho Federal entre os anos de 1977 e 1979, período em que colaborou com a abertura política e início da redemocratização.

O criminalista Waldir Trancoso Peres exerceu a advocacia por mais de 50 anos, tendo participado de mais de mil júris e prestado auxílio jurídico à população carente de São Paulo. Ao final da cerimônia, a conselheira federal e presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, Eduarda Mourão, fez a leitura da Carta de São Paulo.

No texto, foram destacadas a atual conjuntura política e institucional do país e as preocupações e o compromisso da advocacia com os princípios que fundamentam o Estado Democrático de Direito.
 

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