15/09/2014 - 16:23

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Um em cada quatro advogados não tem plano de previdência

15/09/2014 - 16:23

Um em cada quatro advogados não tem plano de previdência

Dado foi revelado em pesquisa encomendada pela OABPrev-RJ. Instituição criou projeto para incentivar colegas a planejarem melhor a aposentadoria

Atualmente, um em cada quatro advogados (25,68% da categoria) não contribui com o INSS nem projeta o futuro investindo em uma previdência privada. O dado é de pesquisa realizada pela empresa de gestão e consultoria Gestner a pedido da OABPrev-RJ, fundo de pensão ligado à Seccional e voltado para os colegas. Ainda de acordo com o estudo, 70% dos profissionais não têm previdência complementar. 

É o caso de José Felipe Santiago Filho, que se formou em Direito há quatro anos. Depois de três tentativas, passou no exame da OAB. Era o que precisava para pedir as contas na empresa onde trabalhou como motorista durante 15 anos, com carteira assinada, e começar uma nova vida, desta vez como advogado. Conseguiu um sócio e os dois montaram um pequeno escritório, improvisado em uma sala comercial de Magé.

José Felipe, que atua nas áreas civil, trabalhista e de defesa do consumidor, já tem alguns clientes. Como autônomo, porém, não se preocupou em pagar as mensalidades da Previdência Social.  “O tempo vai passando e você diz: ‘amanhã vou correr atrás disso’. Já passou mais de um ano e perdi até o direito de segurado”, lamenta-se ele, que também não tem plano de previdência privada. Com três filhos e um neto para sustentar, o pouco que ganha acaba sendo gasto com a família, explica.

É o que acontece também com a advogada Daniele Santos, que já está há cinco anos sem contribuir para o INSS. Ela diz que tem outras prioridades, porém teme pelo futuro e planeja se organizar para regularizar a dívida com a Previdência Social. “Por enquanto, minha situação financeira é delicada. Pretendo estar com tudo em ordem em breve para ter uma vida melhor. Este tempo em que deixei de contribuir me incomoda. Mas tenho dois filhos que dependem de mim e direciono meus rendimentos para as despesas com eles”, destaca Daniele.

Para o presidente do Conselho Deliberativo da OABPrev-RJ e diretor-tesoureiro da Caarj, Renan Aguiar, a situação é grave. “Trata-se de um drama social na medida em que grande parte dos advogados do Rio de Janeiro e do Brasil não contribui para qualquer tipo de previdência. Isso, no longo prazo, vai fazer com que a Caixa de Assistência dos Advogados seja absolutamente incapaz de prover os advogados com os benefícios que eles deveriam ou poderiam ter. O crescimento da advocacia no país impõe uma nova realidade. É necessário que todos sejam educados e tenham consciência da importância da previdência, seja ela pública ou privada”, alerta Aguiar.

Segundo o conselheiro da OABPrev-RJ e ex-presidente da Subseção de Magé, Roberto Siqueira, os advogados que militam no município do Rio de Janeiro têm mais oportunidades de trabalho em empresas ou grandes escritórios. No interior, no entanto, a maioria dos colegas atua de forma autônoma, tornando-se responsáveis pelo pagamento da própria previdência.  “O advogado do interior, aquele que a gente chama de clínico geral, atua em várias áreas. Ele geralmente trabalha sozinho ou, no máximo, com um sócio, e nem secretária tem. Muitas vezes, o escritório fica dentro da própria casa, num anexo”, afirma. 

De fato, o último censo populacional do IBGE mostra que 53,09% dos profissionais de Direito no estado trabalham por conta própria. Para Siqueira, a constatação evidencia a falta de planejamento. “A idade chega para todo mundo. No momento mais produtivo da sua vida, é preciso reservar parte da renda para usufruir na aposentadoria”, pondera.

Para tentar mudar este quadro, a direção da OABPrev-RJ começou a esboçar, no ano passado, o programa de educação financeira e previdenciária Futuro seguro. O projeto, que logo ganhou o apoio da Caarj, da OAB/RJ, da ADVCredi e do INSS, foi lançado no dia 13 de agosto, em Maricá. Desde então, seus consultores percorrem o estado, orientando profissionais e estagiários de Direito. No mês de setembro, eles estarão em 12 localidades (veja tabela abaixo). “É simbólico que seja o primeiro projeto que une todas as entidades de forma bastante coesa em um propósito: mostrar ao advogado que ele precisa cuidar do seu futuro”, avalia Aguiar. 
 
A advogada Kelly Nery Ferreira foi uma das primeiras a procurar a ajuda dos consultores do projeto Futuro seguro na Subseção de Maricá.Ela está há cinco anos sem recolher o INSS e desconhece as vantagens da previdência privada. “Eu parei de contribuir por comodismo. Vou aproveitar a oportunidade para regularizar minha situação e, quem sabe, começar no plano da OABPrev-RJ”, planeja. 

O advogado José Felipe também pretende regularizar sua situação no INSS e aderir a um plano privado em breve. “Se você não tem uma previdência, fica descoberto. Percebo que muitos dos meus colegas também não contribuem porque não recebem incentivos. Campanhas como esta são importantes porque despertam o interesse das pessoas”, salienta.

Programa Futuro seguro - Agenda integrada

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