Para os advogados que militam na Justiça estadual, o ano de 2016 não vai deixar saudades. Foi preciso enfrentar a crise orçamentária do estado, além das greves dos bancos (e o consequente atraso nos mandados de pagamento) e dos serventuários, o que, juntamente com os feriados, gerou um calendário de dias úteis bastante reduzido. Todos esses fatores, somados, compõem um cenário de caos para quem trabalha cotidianamente entre os fóruns e cartórios, dependendo de prazos e audiências. Por isso, a TRIBUNA foi ouvir aos advogados.

“Acho que a Justiça estadual é a melhor das três, mas acredito que os concursos públicos para a magistratura deveriam ser valorizados. Existem poucos juízes e em algumas serventias, como a da Infância e Juventude e a da Violência contra a Mulher, a situação é ainda pior. A carga de processos é humanamente impossível de ser despachada. As provas para a magistratura hoje estão fora da realidade. Faltam juízes, e ainda por cima o pagamento do funcionalismo está atrasado e houve greve, prejudicando ainda mais a advocacia.”
Henrique Maia, advogado

“A desorganização do sistema político existente gerou a crise que estamos vivendo. Ninguém se preocupou, nunca, se o estado estava bem ou mal de finanças. A arrecadação é muito boa, o problema é para onde o dinheiro vai. Os aposentados estão à míngua, o estado está caótico. E aí a Justiça entrou em estado de calamidade, acompanhando essa situação do Rio. São vários problemas, e os advogados também são parte interessada na solução.”
Telmo Marcílio Piacesi, advogado

“Acho que o pior problema é a questão da morosidade dos processos. De maneira geral, a demora é grande demais. Outro ponto muito grave é o valor das indenizações, que está muito baixo, principalmente nos juizados. Acredito que houve banalização dessa forma de compensação.”
Nelson Pacheco Lima, advogado

“São vários problemas. A banalização do chamado ‘mero aborrecimento’ é um deles. As sentenças milionárias que juízes e desembargadores recebem quando entram com ações são outro ponto. Recentemente, um magistrado recebeu R$ 30 mil por um atraso no casamento. Um absurdo. Outra situação bem grave é o desrespeito aos advogados no exercício de sua profissão.”
Marco Aurélio Paiva, advogado

“O pior problema é a falta de funcionários. Há muitas ações e pouca gente para trabalhar. Como são poucos servidores, acumulam-se processos. Eu acredito que, para resolver essa questão, seria preciso criar uma banca para solucionar, principalmente, o acúmulo de processos mais antigos.”
Alberto Peçanha, advogado

“Com certeza é a demora dos processos e no atendimento no cartório. A morosidade é o pior. É tudo muito devagar. Principalmente este ano, em que só tivemos praticamente setes meses de funcionamento das serventias do Judiciário. Foram poucos dias úteis, por conta dos feriados.”
Pamela de Barros Viegas, advogada

“A Justiça estadual tem uma grande dificuldade com relação ao seu próprio efetivo, seus funcionários. A ausência de concursos públicos não oportuniza a garantia de um trabalho estável, principalmente para os jovens. Muitos servidores se aposentam, não há renovação nem no quadro de reserva. O quadro atual já é daquele grupo cansado, para não falar de outras mazelas, e cheio de vícios.”
Airton Rui de Souza, advogado