Campanha é amparada em uma série de pesquisas que a Caixa vem realizando desde 2014 e se desdobrará em ações ao longo do ano

A constatação, a partir de balanço realizado pela Caarj, de que as mulheres são maioria na advocacia, e no entanto, minoria nas instituições que representam a classe e nas sociedades de advogados, foi o ponto inicial de um projeto que vem sendo desenhado pela Caixa desde 2014 e que, no último mês, tomou forma e ganhou as ruas: o Movimento da Mulher Advogada.

De acordo com a entidade, uma comparação entre dados do IBGE de 2010 e do Conselho Federal da OAB do início de 2017 mostra que houve um crescimento de 66,6% no número de mulheres advogadas no período, contra 32,4% dos homens. Hoje, elas representam 49,4% da classe no Rio de Janeiro e são maioria em quase todas as faixas etárias – o número de advogados homens só é maior na faixa de 60 anos para cima.

Mesmo assim, segundo a pesquisa realizada pela Caixa, as mulheres recebem, em média, 25% menos que os homens (Censo 2010), demoram mais para subir na carreira, são minoria entre advogados que empregam outros colegas (33%) e sofrem variados tipos de assédio. O levantamento ainda mostra que as mulheres são a maioria entre aqueles que não exercem a profissão e minoria nas instituições que representam a advocacia. Atualmente, das 63 subseções da OAB no estado, apenas dez têm mulheres na presidência, o que representa apenas 14,3% do total.

“O que pretendemos com essa campanha é que todos os advogados, mas principalmente as mulheres, tenham consciência de que os salários são mais baixos, a ascensão mais difícil e que as mulheres devem ocupar um espaço mais amplo. Queremos conscientizar sobre o assédio moral, sexual e financeiro que as advogadas sofrem”, diz Naide Marinho, secretária-geral da Caarj e coordenadora do levantamento.

O estudo foi realizado como parte do projeto Advocacia: profissão de mulher, que antecedeu o movimento e guiou, nos últimos três anos, uma série de enquetes com advogadas nos fóruns, para saber detalhes sobre o perfil das profissionais e quais as principais dificuldades que enfrentam no exercício da profissão.

 

Voltado inicialmente para a conscientização sobre a desigualdade de gênero, o Movimento da Mulher Advogada é a grande campanha da entidade para este ano: em março, banners e cartazes já puderam ser vistos em ônibus, bancas de jornal e totens publicitários espalhados pelo estado. O material também conta com adesivos com frases contra a opressão de gênero e assédio sexual de mulheres no trabalho – enviados para as subseções e fóruns. Porém, Naide conta que a Caixa pretende intercalar as pautas trabalhadas no projeto com todos os eixos, realizando ações voltadas para cada área nos próximos meses. Em abril, o foco será a saúde.

“Queremos mostrar com essa campanha que há mais problemas enfrentados pelas mulheres advogadas do que se imagina. Alguns deles parecem invisíveis, mas são reais. E queremos que as colegas ganhem força sabendo disso”, diz Naide.

Presidente da Caarj, Marcello Oliveira afirma que a proposta é expor as barreiras enfrentadas pelas mulheres todos os dias. “Precisamos parar de ter medo de falar em feminismo. Feminismo é falar de direitos, e apesar de sermos uma classe conservadora, é preciso enfrentar esta questão. Houve avanço ao longo dos anos, mas ainda um avanço tímido. O movimento quer expor mazelas e criar protagonismos”, afirma.

No lançamento oficial da campanha, realizado dia 15 de março, a diretora do Eixo Cultural, Ana Carolina Lima, falou sobre o desdobramento do projeto: “Estamos em constante construção. Precisamos garantir voz a todas as mulheres advogadas, as negras, as portadoras de deficiência, as grávidas, as idosas, as com filhos pequenos. Nosso objetivo é pleitear direitos e oportunidades iguais, para garantir uma sociedade mais justa e uma advocacia plena”, frisou.

Saiba mais sobre o Movimento da Mulher Advogada na página do Facebook:
  https://www.facebook.com/MovimentoDaMulherAdvogada/