03/08/2018 - 21:02

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Toda solidariedade à ministra Eliana Calmon

03/08/2018 - 21:02

Toda solidariedade à ministra Eliana Calmon

WADIH DAMOUS
Este editorial trataria da Conferência Estadual dos Advogados, a se realizar nos dias 20 e 21 de outubro e na qual assuntos relevantes para o Rio de Janeiro e a advocacia estarão em pauta. No entanto, com o advento da polêmica envolvendo a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, e o presidente do CNJ e do STF, Cezar Peluso, nos dias em que a edição desta TRIBUNA era finalizada, tornou-se imperiosa mais uma manifestação da OAB/RJ.
 
Desde que assumiu a Corregedoria, o comportamento da ministra Eliana chamou a atenção. Destoando de muitos de seus colegas, ela combateu o corporativismo tão presente no Judiciário e demonstrou um espírito público exemplar. Na entrevista que deu origem à sua polêmica com Peluso, Eliana afirmou com todas as letras que entre os magistrados há quem não honre a toga que veste — há “bandidos de toga”, foi a expressão que usou. A afirmação não deveria causar espécie, pois ela nem generalizou, nem considerou o Judiciário mais impuro do que os demais poderes.
 
No entanto, o que disse provocou uma tempestade e a indignação do presidente do Supremo e de associações de magistrados. A simples reação às palavras de Eliana é uma demonstração de o quanto elas são verdadeiras.
 
Nós, advogados, sabemos que a ampla maioria dos juízes é honesta. Mas sabemos, também, que — tanto quanto em qualquer outro segmento da sociedade — há gente desonesta e que comete irregularidades. No entanto, enquanto o funcionário comum apanhado em atos de corrupção é demitido a bem do serviço público, os juízes flagrados na mesma situação são simplesmente aposentados com vencimentos integrais, o que não deixa de representar quase um prêmio.
 
Nós, advogados, sentimos na própria carne a arrogância e o corporativismo de grande parte dos juízes, que se consideram acima dos cidadãos comuns e verdadeiros donos do Judiciário.
 
Tanto isso é verdade que, em muitos anos da história desta TRIBUNA, nunca chegaram tantas cartas com elogios de colegas quanto em seguida à sua edição de agosto, na qual, em entrevista que foi matéria de capa, fiz duras críticas à magistratura.
 
Por isso tudo, consideramos extremamente oportuna a manifestação da ministra e manifestamos nossa solidariedade a ela.
 
Como dissemos em nota oficial divulgada logo que surgiu a polêmica, Eliana Calmon pôs o dedo na ferida.
Por isso, aliás, incomodou tanta gente.
 

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