Tristeza e incredulidade marcavam os rostos de todos os amigos, familiares, autoridades e colegas advogados que lotaram o auditório da Subseção de São Gonçalo, na manhã de 18 de fevereiro,  para se despedir do conselheiro e diretor de Eventos da OAB local, Wagner da Silva Salgado, sua esposa, Soraya, e da filha de nove anos do casal, Geovanna, assassinados a tiros na casa da família na madrugada do dia 17. 

Muito emocionado, o presidente da OAB/São Gonçalo, Eliano Enzo, contou que a família era bastante querida e presente na subseção. “O Wagner fazia aniversário em dezembro. Ano passado, nós organizamos uma comemoração surpresa pra ele. Quando a Geovanna entrou com o bolo, ele ficou bastante emocionado. A filha era a grande paixão do casal”, lembrou. 

Enzo afirmou ter perdido muito mais que um colega ou amigo: “Considerava ele como um irmão que a vida me permitiu escolher”. 

A morte precoce da pequena Geovanna, que brincava quase diariamente no local, chocou os funcionários, acostumados a vê-la na subseção. Wagner costumava levar a filha enquanto participava de reuniões. 
 

Além da tristeza evidente nos rostos, amigos traziam também o clamor por justiça estampado em camisetas com uma foto da família. Pedido reforçado pelo presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz. “Exigimos celeridade na resolução desse crime bárbaro. A Ordem vem cobrando das autoridades e temos certeza de que não vai ficar impune”, afirmou.  

Felipe anunciou a criação de uma comissão de enfrentamento à violência contra advogados. Segundo ele, essa é uma demanda principalmente dos colegas criminalistas. “Estamos acompanhando de perto as investigações e trabalharemos na defesa de advogados que estiverem sob ameaça”. 
 

De acordo com informações publicadas no jornal O Dia e no Portal R7,   a Polícia Civil prendeu, na noite de 23 de fevereiro, um dos suspeitos do crime. Diego Moreira, de 23 anos, foi detido em Saquarema, na Região dos Lagos. Outro suspeito de matar as três pessoas é Gabriel Araújo, de 19 anos, que está foragido. Os dois teriam sido contratados por Simone Resende, irmã de Soraya, que também é procurada. A motivação seria uma disputa judicial relacionada à herança do pai delas, estimada em R$ 7 milhões.

 

Na véspera, Matheus Resende Kalil prestou depoimento e foi preso em seguida, após confessar participação no crime. Seu irmão gêmeo, Lucas Resende Kalil, se entregou no mesmo dia. Os dois são sobrinhos de Soraya.