03/08/2018 - 21:02

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Perspectivas profissionais para os jovens advogados fluminenses

03/08/2018 - 21:02

Perspectivas profissionais para os jovens advogados fluminenses

Perspectivas profissionais para os jovens advogados fluminenses


Rafael Rihan *

É inegável que a maioria dos egressos das faculdades de Direito em nosso estado sonha com a aprovação em concurso público. Muitos sequer enxergam a advocacia privada como opção viável.

Isto se deve não só à busca pela estabilidade e aos currículos universitários, que não visam a preparar o aluno para o exercício profissional, mas, e principalmente, à longa crise que a economia fluminense viveu desde a transferência da capital para Brasília.

Ainda assim, permaneceram aqui diversos órgãos e autarquias federais, além das mais importantes empresas estatais, ingrediente determinante para o estímulo à procura pelas carreiras públicas.

Recentemente, o cenário de crise começou a ceder e a economia fluminense já projeta um crescimento a taxas chinesas. Indicadores da Fundação Ceperj demonstram que, entre 2007 e 2008, o PIB estadual sofreu variação positiva de 4,1%, inferior, contudo, ao crescimento do PIB nacional no período, que foi de 5,2%. Porém, de lá para cá, o Rio já começou a receber aportes que somarão mais de R$ 180 bilhões entre 2011 e 2013, segundo cálculos da Firjan, o que dará ao estado o título de maior concentrador territorial de investimentos do mundo.

As inversões já são visíveis nas grandes obras em andamento, como a construção do Comperj e do complexo industrial do Porto do Açu, no ressurgimento da indústria naval e em setores como o siderúrgico e o hoteleiro, entre outros.

Se os bons ventos continuarem a soprar, as perspectivas para o mercado da advocacia são promissoras. O Rio sediará grandes eventos internacionais, como a final da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Também não podemos deixar de mencionar o gigantesco impacto que a exploração do pré-sal terá na economia do estado.

Este fenômeno irá afetar toda a advocacia, principalmente em áreas específicas, como a do petróleo e gás, a do Direito Marítimo e a das licitações e dos contratos administrativos, mas também nos ramos mais tradicionais, como o Direito do Trabalho e o Direito do Consumidor, tendo em vista o aumento da distribuição de renda e do consumo.

A nova realidade econômica do Rio abrirá espaço tanto para o jovem advogado que deseja ingressar numa banca já consolidada ou no departamento jurídico de uma empresa, como para aquele que deseja empreender, constituindo o próprio escritório.

Obviamente, as bancas consolidadas se beneficiarão da expansão da demanda e contratarão mais profissionais. Já os novos escritórios terão ótimas possibilidades de prestarem serviços jurídicos às empresas que ingressam no mercado e às pessoas físicas que antes não tinham perspectiva de acesso à Justiça, mas que passam a tê-la, ao passo que ingressam na economia formal.

Foi essa a lição proferida pelo advogado Francisco Müssnich, em sua palestra no Colégio Nacional de Presidentes de Comissões de Advogados Iniciantes, cuja edição de 2011 tivemos a honra de sediar no último mês de maio.

Para atender a essa demanda, os jovens advogados e estudantes de Direito precisam se especializar em novas disciplinas e dominar ferramentas para as quais, antes, a advocacia não dava a devida importância, como a gestão e o marketing.

O novo advogado também precisará de sólido conhecimento de plataformas tecnológicas, eis que a era do processo digital já começou. A OAB/RJ, inclusive, vem adotando uma política agressiva de qualificação dos seus inscritos, oferecendo cursos de peticionamento eletrônico em todo o estado e fornecendo gratuitamente a leitora digital aos colegas que adquirem o certificado digital.

A OAB Jovem vem buscando fomentar o debate acerca destes temas cruciais, fornecendo subsídios para que o jovem advogado tome decisões sobre os seus rumos profissionais.

No ano passado, realizamos, em parceria com a ESA, o seminário Perspectivas e demandas do mercado jurídico contemporâneo, que promoveu discussões não sobre temáticas jurídicas, mas sobre o mercado da advocacia.

O painel da nossa comissão na Conferência Estadual dos Advogados contará com as palestras de um economista, de um consultor de marketing especializado na advocacia e de um sócio de uma grande banca. Se o cenário que se projeta se confirmar, a face da advocacia fluminense mudará para sempre e nós, jovens advogados, precisamos estar preparados!

* Presidente da OAB Jovem


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