12/02/2016 - 13:14

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Dica do mês: Ismael Silva e o ‘samba de sambar’

12/02/2016 - 13:14

Dica do mês: Ismael Silva e o ‘samba de sambar’

MARCELO MOUTINHO
Foi o pesquisador Humberto M. Franceschi quem sintetizou, em feliz expressão, a mudança feita no samba pela geração de criadores que circulou pelo Estácio no fim da década de 1920. O “samba de sambar” apresentava feições distintas das composições amaxixadas originárias de músicos como Donga e João da Baiana, características do modelo anterior. Com mais batuque e cadência, parecia formatado à perfeição para o desfile em cortejo.

Da turma do Estácio, quase todos oriundos do universo da malandragem, faziam parte Mano Elói, Baiaco, Nilton Bastos, Brancura, Getúlio Marinho. E também Ismael Silva, que acaba de ganhar um disco-tributo. No CD, o cantor Augusto Martins e o violonista Claudio Jorge recuperam seu repertório dando-lhe uma roupagem diferente das gravações de Francisco Alves, Mário Reis e do próprio Ismael. Se as orquestras da época, ainda desacostumadas com a novidade do “samba de sambar”, mantiveram o sotaque amaxixado da fase pregressa, Augusto e Claudio agora propõem um tratamento mais próximo do modo como possivelmente as canções foram concebidas nas batucadas do Morro de São Carlos e do Largo do Estácio: violão, cavaquinho, percussão. “O CD recoloca o samba do Estácio e de seu maior compositor em seu, digamos, habitat natural, o samba batucado, ou melhor dizendo, o dos pagodes cariocas”, como afirma o crítico Hugo Sukman no encarte.

São 14 faixas, que vão de sucessos como Antonico e Se você jurar (parceria com Francisco Alves e Nilton Bastos) a pérolas não tão conhecidas, casos de Peçam bis e A dona do lugar (com Noel Rosa e Francisco Alves).
 
Augusto e Claudio – este, autor dos arranjos – cantam em dueto, mostrando bom entrosamento. A impressão, ao se ouvir o disco, é de estar ao lado dos dois em meio à descontração de uma roda de samba. Em pleno bairro do Estácio, onde mais? 

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